por Augusto Patrini-Menna-Barreto-Gomes
São Paulo, Março de 2004
Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de História
A Teoria da História tem como tarefa a realização da auto-reflexão, serve para pensarmos o processo de fazer história, levando em conta que “Não se pode de forma alguma pensar um processo histórico de conhecimento em que o próprio sujeito (historiador) do conhecimento deixasse de debruçar-se sobre si mesmo”. Assim, o olhar do historiador deve passar dos seus objetos para seus princípios, - ou seja, a teoria verá como, nos diversos campos do historiador (pesquisa, ensino, historiografia, etc), esses princípios surgem e como são ou serão tematizados. Considerando-se, claro, a história como uma prática interpretativa, em toda sua variedade cognitiva e metódica, e em suas várias formas de apresentação. Na teoria da história, “Seus objetivos são os fundamentos e os princípios da história”, ou seja, é sua matriz disciplinar.
A Teoria da História debruçasse, assim, sobre os “interesses” do historiador para entender como se da a reflexão que reveste o passado do caráter de “história” e, que acaba por decidir como deve ser interpretado o “caminhar” do homem e do mundo. Estes chamados interesses, no entanto, nascem de carências de orientação no tempo – e são assim o sentido da fazer história. São idéias, critérios orientadores de sentido ou perspectivas nas quais o passado aparece na história. Ora, o passado é tempo experimentado, mas submetidos a idéias, para revestir-se, de tal modo, de qualidades históricas. Se a história somente existe se houver fontes do passado, e essas fontes representem as experiências concretas do homem, o fazer história é conformar e interpretar – para orientar o tempo. O autor, assim, interessa-se pelas condicionantes do trabalho do historiador.
A história é, portanto feita de perspectivas (idéias) quanto ao passado, orientadas por interesses nascidos de carências e interpretadas com método – transformadas ao fim em saber histórico.
Nesse processo assume grande importância os métodos de pesquisa histórica, que regularão o pensamento e fundamento do conhecimento histórico, expresso, por sua vez, na historiografia. Estes métodos servem como formas de apresentação.
Resumindo, os cinco fatores do pensamento histórico se dão de tal modo:
Os Interesses originados de carências no tempo (interpretadas), dão origem a idéias (perspectivas orientadoras da experiência do passado), que são trabalhadas com métodos (reguladores) para expressarem-se por formas (de apresentação) definindo assim funções (de orientação existencial).
Há, como fica evidente, uma total ligação entre estes cinco fatores, que são constitutivos do pensamento histórico. A teoria da história, ao pensar este processo de orientação reveste-se de um caráter matriz e disciplinar na ciência da história. Ela permite que se reconheça que o fazer “história” pode mudar a vida do homem, assim como a vida do homem pode transformar os vários campos de atuação da história, entre eles a historiografia e a pesquisa histórica, o estudo e o ensino da história. Portanto, isso possibilita que o “pensamento histórico se manifesta como inquietação por mudança”.
Para o estudo da história, sua pesquisa e seu ensino, a teoria (da história) assume um papel de profissionalização didática dos historiadores. Além disso, também assume a função propedêutica, a função de coordenação – enunciando a especificidade, a função e os limites do conhecimento histórico, além das funções de motivadora, organizadora, de seleção, fundamentação e mediação.
O autor defende posições clássicas na teoria da história, contrapõe-se aos chamados pós-modernos. Para ele, as questões do presente determinam o olhar para o passado.
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