quinta-feira, 31 de março de 2011

‘Minha casa será casa de oração para todos os povos’ Repensando fronteiras na hermenêutica bíblica queer




Fernando Cândido da Silva*


Resumo:
O artigo problematiza o ‘privilégio da invisibilidade’ presente em algumas hermenêuticas queer. Ao enfatizarem apenas o âmbito da sexualidade marginalizada, acabam por não avaliar a complexidade das relações de dominação nos textos bíblicos. É a partir do estudo de Isaías 56,1-8 que se verifica os limites de tais abordagens identitárias. Ao invés de celebrar rapidamente a inclusão de eunucos, o artigo interpreta a perícope em sua prescrição retórica e, assim, capta a resposta de ‘eunucos’ e ‘filhos do estrangeiro’ ao ethos de subordinação e normatização inscrito no texto. Neste contexto, a ‘casa de oração para todos os povos’ oferece um espaço democrático de lutas que não abriga uma simples identidade fixa na busca por inclusão. Antes, esse espaço utópico possibilita o cruzamento de fronteiras sexuais e étnicas/raciais em seu interior, ao visar a uma retórica radical de transformação.
Palavras-chave: hermenêutica queer; fronteiras; Isaías 56,1-8; transformação.



Lidar com o problema das fronteiras é o grande desafio deste artigo. Estamos habituados a vivenciar nossas experiências sem questioná-las ou ousar ultrapassá-las. Pensar de modo queer envolve, sem dúvida, se posicionar contra o normal e o legítimo. Repensar o natural! Repensar o normal em nós mesmos!


Isaías 56,1-8 é um texto bíblico sempre muito lido em perspectiva inclusiva. E com razão, afinal, os eunucos parecem ser incluídos na sociedade israelita independente de sua “disfunção” sexual. Entretanto, suspeito que essa leitura é demasiadamente superficial. Lida retoricamente, a perícope abre espaço para uma transformação real e não apenas para uma mera inclusão ao grupo ‘legítimo’. O problema é que até agora o texto acabou sendo diminuído em seu potencial queer de desestabilização, ao promover apenas a inclusão de alguns grupos. Nesse sentido, multiplicar raça/etnia nos jogos de poder da perícope apimenta ainda mais sua interpretação.
Proponho na caminhada do artigo uma discussão dos lugares em que situamos nossos discursos: minha experiência pessoal de cruzamento de fronteiras permite um vislumbre de minhas limitações hermenêuticas. Aliás, não só minhas. Demonstrarei a miopia metodológica de dois biblistas queer norte-americanos. Esse debate será fundamental para uma re-avaliação do texto bíblico. Ao invés de me limitar a uma luta contextual, opto por criar condições de diálogo e articulação dos subalternos, independentemente de suas trajetórias especificas de luta. Essa pode ser uma chave hermenêutica queer, exatamente por não se deixar cooptar pela retórica da normalidade via subordinação.


Algumas fronteiras do eu-pesquisador
Começarei este ensaio me nomeando, ou seja, dizendo quem sou e quais são meus interesses. Isso porque em um paradigma emancipatório, a ciência perde seu status de neutralidade/desinteresse e faz uma virada ético-política (SCHÜSSLER FIORENZA, 2001, p.37-49). Neste paradigma, ‘os elementos que poderiam ser considerados da experiência subjetiva são articulados com a linguagem analítica, ao propor uma forma de conhecimento que reconhece suas pertenças sociais’ (PEREIRA, 2005, p.148). Não se espera mais, pois, apenas um acúmulo de conhecimento, mas uma avaliação crítica desse conhecimento em prol da transformação.
Vivo na cidade de São Paulo. Sou homem, gay, branco, bem graduado e de classe média. Sou historiador de formação e, hoje, faço doutorado em Ciências da Religião. Minha formação específica circula em torno da Bíblia Hebraica que, até muito recentemente, tratava-se para mim de mera documentação histórica.


Esqueci de dizer: sou também ex-Testemunha de Jeová. Como pude esquecer desta minha faceta identitária? Rever esse passado religioso à luz de meu doutoramento na área de estudos bíblicos é fundamental para uma reavaliação da natureza documental da Bíblia. Seria ela apenas um documento histórico? Ora, o texto bíblico marcou profundamente minha própria experiência. Com isso, comecei a perceber que também estava em jogo a performatividade deste importante texto na cultura ocidental. Interessa-me, pois, as mediações hermenêuticas entre o texto bíblico e seus/suas intérpretes (igreja, academia, fiéis e também gays!)


Minha identidade marcada pela exclusão e marginalidade em termos de sexualidade deve muito à Bíblia. Ou melhor, à sua interpretação. Por isso ouso interpretar de forma diferente e cantá-la com a minha voz! Mas não é esse um problema? Penso aqui a partir da vida concreta. Como já disse, vivo hoje na metrópole paulistana marcada por uma imagem friendly ao mundo gay. Minha única pergunta é: qual mundo gay? Faço parte dele?


Júlio Assis Simões e Isadora Lins França realizaram um estudo etnográfico muito revelador sobre o assunto (2005, p.309-336). Verdade seja dita, revelador ao público fora da comunidade gay paulistana, afinal estas informações fazem parte do cotidiano da comunidade. Uma volta, à noite, na Praça da República (incluindo a Avenida Vieira de Carvalho e o Largo do Arouche) demonstrará que a comunidade gay é, na verdade, bastante multifacetada. Deveria falar, assim, de “comunidades gays”! A sexualidade não garante uma análise crítica dessas variadas facetas. Para entender o que ali ocorre é preciso recorrer ao gênero, classe, raça/etnia e mesmo geração. As clivagens entrecruzam, pois, variadas características identitárias. É obvia, por exemplo, a forte diferença de classe social no interior da comunidade gay: o público da região da Paulista-Jardins ‘se vale de termos como bichas quá-quá para designar jovens homossexuais pobres, escandalosos e efeminados’ (SIMÕES e FRANÇA, 2005, p.321).


Mas, ao invés de descrever etnograficamente a complexidade da comunidade, gostaria de aclará-la com uma experiência pessoal de transgressão de fronteiras. É que antes de dar qualquer passo preciso abaixar minhas próprias calças! Assim eu aprendi: um estudo queer não pode se esquivar de iniciar suas reflexões com histórias pessoais/sexuais do(a) pesquisador(a) (ALTHAUS-REID, 2004, p.99-109).


Em 2008 um amigo italiano hospedou-se em minha casa em suas férias. Conhecer o mundo gay brasileiro/paulistano era sua intenção. Curiosamente (ou não) sua atenção voltou-se para homens gays afro-brasileiros. Não é de se estranhar tal interesse, afinal muitos filmes pornográficos gays veiculam nossa sexualidade à raça e etnia. Bastaria pensar nos clássicos filmes produzidos por Kristen Bjorn como Carnaval in Rio e Paradise Plantation ou em tantos outros títulos disponíveis na internet (Bananas from Brazil, Capoeira, Rio Sex, Weekend in Brazil...). O sucesso destas produções não está no ato sexual em si, mas no senso de alteridade criado pelos filmes (WESTCOTT, 2004, p.189-196). De fato, assistir filmes pornográficos e conversar sobre fantasias sexuais com meu amigo italiano fez com que eu entendesse as ligações entre prazer sexual, poder e colonialidade. A questão não é apenas ser ou não ser gay, mas ser gay brasileiro ou europeu, gay branco ou negro e assim por diante. Nesse sentido, tenho ainda uma outra experiência pessoal de fronteira.


Já havia freqüentado bares na área da República. Mas nunca ouvira falar de um Samba Gay. Foi meu amigo italiano ‘desbravador’ que encontrou o lugar. Acompanhando-o em tal passeio, eis que me deparo com a comunidade afro-gay em seu gueto. Neste momento, talvez pela primeira vez, me dei conta da questão racial no Brasil e como ela se relaciona com a sexualidade. Nossas boates e bares gays são guetos para homossexuais brancos? Sempre tive a impressão (!) de ver negros freqüentando esses bares e boates. Então, porque um gueto como aquele? Confesso que fiquei surpreso e incomodado com a situação: não sabia sambar, não sabia beber, não sabia me relacionar naquele local com apenas meia dúzia de brancos.


Efetivamente, minha cor branca foi totalmente exposta e, assim, minha invisibilidade como branco desapareceu. A questão é que até aquele momento não havia me dado conta de que raça também é um problema meu. Sempre enfatizei análises no eixo da sexualidade, uma vez que este aspecto de minha identidade me faz ver o mundo de um jeito queer (será?). Entretanto, foi no Samba Gay no Largo do Arouche que percebi que a realidade da opressão é múltipla e multiplicativa. E que nesse jogo eu mesmo posso ser opressor! Esta é uma auto-análise em que o cruzamento de fronteiras é primordial. Reconhecer que determinados ‘privilégios’ nos tornam ‘normais’, ‘universais’ e, assim, ‘invisíveis’ é crucial para uma análise que leva a sério a realidade da dominação e da opressão. Portanto, raça também é um problema meu, afinal possuo o ‘privilégio da invisibilidade’. Em outros termos, eu sou apenas gay. Não é preciso dizer a cor de minha pele, pois neste sistema, ‘branco’ é o ‘universal’ (KIMMEL, 2003, p.01-10). Sendo assim, como prosseguir com leituras queer da Bíblia que mantenham a contextualidade identitária dos primeiros estudos gays e lésbicos?


Foi a experiência concreta que me fez reconhecer os limites das análises que se restringem a uma política da identidade. Entendem agora porque é tão importante iniciar os argumentos abaixando as calças? A experiência demonstrou que a política de identidade possui a tendência de protestar apenas contra as dores e não contra os privilégios (TOLBERT, 1995, p.263-276). Exemplifico isso com o que já disse acima: na comunidade gay paulistana (se é que ainda posso usar o singular) o protesto é contra a homofobia, mas não necessariamente contra o racismo, o sexismo, o classicismo... Muito pelo contrário, por vezes, a própria comunidade reinscreve esses valores da dita cultura hegemônica. Nesse contexto de discurso moderado por parte da comunidade é que a metrópole pode tornar-se friendly, afinal é fácil tolerar homossexuais brancos de classe-média torrando dinheiro em restaurantes, bares e boates.


A partir dessas reflexões, como interpretar Isaías 56,1-8?

Algumas fronteiras nos estudos queer de Isaías 56,1-8
Em uma política pós-identitária, o referencial queer enfatiza o sujeito nômade, ao refutar a lógica binária e suas conseqüências, como hierarquia, classificação, dominação, exclusão (LOURO, 2004, p.38-46). Entretanto, parece-me que na teologia, em geral, e nos estudos bíblicos, especificamente, o que se entende por queer ainda está “enquadrado”, por assim dizer. André Musskopf demonstrou muito bem que os estudos homossexuais, gays e queer apresentam descontinuidades e jogos de força, numa “confluência, interdependência e influência mútua de conceitos e categorias em que as temporalidades e espacialidades nunca são totalmente claras” (2008, p.120). Com isso, o potencial crítico do conceito queer parece ser tolhido, ao privilegiar muitas vezes a identidade de homens gays brancos ocidentais de classe média, sujeitos quase invisíveis que parecem lutar – em termos de inclusão de sua sexualidade – para tornarem-se totalmente invisíveis.


A partir da realidade das pessoas que vivem nas fronteiras das facetas identitárias, marcadas pelo hibridismo e que sofrem de forma multiplicada a subordinação, como persistir em avaliar os textos bíblicos separando os discursos de opressão sobre raça/etnia, classe, sexualidade, colonialismo? Como não levar em conta que pessoas sob múltipla opressão possuem múltiplas identidades e que, portanto, é fundamental interpretar a Bíblia de um modo multidimensional? (KWOK, 1995, p.111-112). Como tornar invisíveis essas outras partes da identidade que contribuem para com a opressão? Como não perceber, por exemplo, que a homofobia esteve e está relacionada ao etnocentrismo propagandeado muitas vezes na história do Cristianismo?


Pelo que parece, essas questões não são discutidas porque, como pontua Kwok Pui-lan, ‘teólogos queers brancos estão propensos a separar a opressão sexual da rede mais ampla de relações de poder’(2005, p.142). Nesta mesma linha, Marcella Althaus-Reid chama a atenção para o risco de ‘alguns teólogos/as queer, no decurso de seu trabalho, ficarem déracinés, erradicados da vida das comunidades, ou inconscientemente dominados, em seu discurso, por pretensões classistas e raciais de privilégio’(2008, p.118).


Com estes riscos em mente creio que uma hermenêutica bíblica queer deve ser feita com múltiplas lentes ao mesmo tempo, afinal a instabilidade dos sujeitos não se refere apenas à sua sexualidade. Antes de propor tal metodologia, quero demonstrar os problemas das leituras queer que enfatizam apenas a sexualidade, ao explorar especialmente os métodos propostos por Mona West (1999, p.28-42) e Timothy Koch (2001, p.169-180). Comecemos pela primeira.


Baseando-se em estudos que enfatizam a importância do lugar social na hermenêutica bíblica, Mona West constrói sua metodologia a partir dos Queer Americans. West chama a atenção para a ausência desta comunidade interpretativa no The New Interpreter’s Bible, ao lado de afro-americanos, hispano-americanos, nativo-americanos, asiático-americanos e mulheres. Como lésbica, pastora e biblista, Mona West não se esquece do grupo queer igualmente marginalizado. Para mim, este é o principal problema de sua metodologia. Por mais que se lembre de Elias Farajaje-Jones e sua idéia de queers in intersection, West forja um grupo oprimido apenas em termos de sexualidade. A partir de minha experiência na comunidade queer paulistana, percebo que a autora não explora a real intersecção de sujeitos queer nas comunidades afro, hispânica, asiática e nativa dos EUA. Curiosamente, “mulheres” e “queers” são sujeitos que aparecem desconectadas/os das demais categorias étnicas/raciais. Eis o problema de privilégio e invisibilidade? Para Mona West, queers são somente brancos e norte-americanos?


Já a proposta de abordagem homoerótica ao texto bíblico (cruising) de Koch parece ser mais criativa e apresenta uma vantagem: a autoridade passa a estar em nossos corpos, em nossas experiências e não no texto bíblico. Na proposta de West, ainda “a Bíblia é nossa amiga” (p.35). Em Koch, a Bíblia não precisa ser salva e muito menos salvar-nos. Essa metodologia faz com que os textos não sejam normativos para a vida e a ética. Penso que esse olhar metodológico é louvável em um paradigma que visa à transformação, à autonomia e ao bem-estar das pessoas. Todavia, Koch não transgride uma importante fronteira em sua proposta. No prefácio ao ensaio metodológico, diz: “Eu sou um homem gay... e eu escrevo desde a minha experiência.” (p.169). Note que Koch não fala de sua experiência de raça/etnia, religiosidade, nacionalidade, classe. Pontua apenas o aspecto oprimido de sua identidade – a sexualidade. As outras facetas são invisíveis, afinal são ‘universais’. Portanto, a metodologia de West e Koch parece partilhar do mesmo problema.


Esses dois métodos demonstram a fragilidade das teologias e hermenêuticas queer que ainda pensam exclusivamente em termos contextuais. No atual período de globalização em que vivemos, o contextual está desterritorializado, hiperdiferenciado e hibridizado (SCHREITER, 1998, p.29-30). Assim que uma hermenêutica bíblica que se ocupe das relações assimétricas de poder deveria se situar num horizonte pós-contextual/pós-identitário. Afinal, como aponta corretamente Silvia Schroer, falar exclusivamente em termos de pluralismo e contextualidade pode ainda mascarar desigualdades (2004, p.03-05).


Penso, pois, que nossa agenda queer precisa englobar tal questão, afinal não somos apenas gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transgêneros. No cotidiano, raça/etnia, classe, gênero, nação, geração... também definem as relações de poder e dominação. Tenho a impressão que um projeto queer verdadeiramente pós-contextual possui o potencial de não se deixar cooptar, uma vez que avalia a rede de opressão em perspectiva complexa. Como queers, creio que devemos estar preparados para sempre transgredir fronteiras e criar conexões que ‘não ignorem diferenças de poder e que, ao mesmo tempo, trabalhem em prol da transformação’ (TROCH, 2007, p.41).


Se não estivermos preparados para realizar tais conexões seremos definitivamente cooptados e, então, gays deverão escrever sobre gays; lésbicas deverão escrever sobre lésbicas; negros deverão escrever sobre negros; latinos deverão escrever sobre latinos, como se nada disso estivesse interconectado na vida real! A academia teológica nos prenderá na ‘caixinha antropológica’, permitindo nossas falas enquanto (i) meros ‘emissários’ da causa queer, (ii) ‘espelhos’ em que ainda importa o dominador ou ainda (iii) ‘insiders autênticos’, com o risco de que uma única voz englobe toda a complexidade do grupo (NARAYAN, 1997, p.121-157). Escapar dessa caixa antropológica envolve lutar por uma mudança radical nas relações sociais e não apenas para ser incluído no shopping center da diversidade.


A partir dessas discussões proponho uma breve leitura de Isaías 56,1-8. Nesta proposta farei um debate, especialmente, com o comentário de Koch no The Queer Bible Commentary (2006, p.371-385) e de West no já referido artigo Reading the Bible as Queer Americans. Desejo, assim, demonstrar que uma mudança de enfoque na metodologia hermenêutica queer é essencial para obter resultados que visem à transformação e não apenas à inclusão.

Algumas fronteiras em Isaías 56,1-8
Antes de chegar aos conteúdos da interpretação, proponho minha própria tradução do texto poético/profético de Isaías 56,1-8:


1Assim diz Javé:
“Guarda direito
e faz justiça
Eis!
Próxima [está] minha salvação para chegar
e minha justiça para ser revelada.
2Feliz o ser humano que faz isso
e o filho da humanidade que se agarra a isso:
Guarda o sábado sem profaná-lo
e guarda sua mão de fazer qualquer mal
3E não diga o filho do estrangeiro que se juntou a Javé para dizer:
‘Separará, me separará Javé do seu povo’
e não diga o eunuco:
‘Eis que eu [sou] uma árvore seca’
4Eis!
Assim diz Javé:
‘Para os eunucos que guardam meus sábados
e escolhem pelo que me agrada
e se agarram à minha aliança
5Darei para eles em minha casa
e em minhas muralhas mão e nome, melhor do que filhos e filhas.
Nome eterno darei para ele, que não será cortado
6E os filhos do estrangeiro que se juntaram a Javé para ministrar a ele
e para amar o nome de Javé
para ser para ele servos (Todo o que guarda o sábado sem profaná-lo
e se agarram à minha aliança)
7Também os levarei para minha montanha sagrada
e os alegrarei na minha casa de oração.
Seus holocaustos e seus sacrifícios [serão] de agrado sobre meu altar
Eis!
Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.’
8Oráculo do Senhor Javé que reúne os dispersos de Israel:
‘Ainda reunirei a ele outros junto aos que foram reunidos a ele.’”

Para alguns comentaristas, a perícope se inicia no v.3 (WESTERMANN, 1976, p.311-316; SEVERINO CROATTO, 2002, p.25-37). Entretanto, creio que os v.1-2 fazem parte dela (WHYBRAY, 1975, p.169-199). A introdução koh ’amar yhvh encaminha bem a mensagem profética que vem a seguir. Além disso, em termos poéticos, a dupla “ser humano/filho da humanidade” (v.2) introduz a dupla do restante da perícope, a saber, “eunuco/filho do estrangeiro”. Também a idéia de “guardar o sábado” é recorrente no conjunto que inclui os v.1-2. Quanto ao encerramento da unidade literária, penso que o v.8 atende a idéia de reunião presente nos versos anteriores. De certo, parece introduzir um novo e breve oráculo profético. Todavia, esse oráculo serve também como síntese para a perícope. Assim que divido o texto em três estrofes poéticas distintas: v.1-2 (introdução); v.3-7 (mensagem profética/debate) e v.8 (conclusão/síntese).


A introdução da perícope trabalha sempre de forma poética com dois vocábulos distintos que se complementam: “direito/justiça”; “salvação/justiça”; “ser humano/filho da humanidade”; “guardar o sábado/guardar sua mão”. Também o coração do texto trabalha desta forma. A poesia correlaciona “eunuco” e “filho do estrangeiro”. Primeiramente, o filho do estrangeiro reclama. Logo após, o eunuco reclama (v.3). Só então a palavra de Javé vem como resposta para ambos, inaugurada com um enfático ki, “eis” (v.4-7). Como se percebe, o texto encaminha-se como num debate. Esse elemento é fundamental para uma análise queer que anseie pela transformação e não apenas pela inclusão. Para tratar assim os conteúdos do texto, devo repassar ainda o lugar da perícope.


Inserida no conjunto chamado usualmente de Trito-Isaías (56-66), a perícope está situada historicamente no período pós-exílico de Israel. Sob a pax persica, os exilados retornam a Judá e, em conjunto com os grupos que viveram por lá durante o tempo do exílio, enfrentam a tarefa de reorganizar a sociedade. Como se pode esperar, essa não foi uma tarefa pacífica. Muitos textos bíblicos deixam entrever tal luta. No relativo espaço de autonomia que o imperialismo persa cedia às províncias subjugadas, um dos problemas a se resolver era decidir quem era qualificado e quais eram os critérios para fazer parte da nova comunidade que se forjava (BLENKINSOPP, 1996, p.194-212; SCHWANTES, 2008, p.59-68). Isaías 56,1-8 é um dos textos bíblicos em que podemos entrever tal luta. Portanto, mais do que descritivo, o texto é prescritivo. É importante ter isso em mente durante a análise.


“Eunucos” e “filhos do estrangeiro” falam na perícope. Reivindicam. Todavia, só ouvimos essas vozes no eco. Afinal, o grupo que produz o texto trata de informar-nos quais são as reivindicações. Se lido em conjunto com Deuteronômio 23,2-9 veremos que “eunucos” e “filhos do estrangeiro” não poderiam fazer parte da comunidade: mutilados sexualmente, bem como determinadas categorias étnicas, estavam excluídas da congregação de Javé. Ouvimos, pois, estas falas. Mas não só elas. Na boca de Javé é colocada a resposta do grupo que tece o texto, um grupo que aparentemente é bastante inclusivo.


Porque digo aparentemente? Porque se observarmos bem, a resposta ao debate delimita qual “eunuco” e qual “filho de estrangeiro” poderá fazer parte da comunidade. Quando a palavra é destinada a eles, três seqüências de frases são utilizadas para cada grupo:

“Para os eunucos que guardam meus sábados
e escolhem pelo que me agrada
e se agarram à minha aliança”

“E os filhos do estrangeiro que se juntaram a Javé para ministrar a ele
e para amar o nome de Javé
para ser para ele servos”

Não são aceitos, portanto, quaisquer eunucos e filhos do estrangeiro. Somente aqueles que preencherem os requisitos propostos podem entrar! Se, na seqüência da poesia, o último verso for o de destaque, primordial é que os eunucos aceitem a aliança e que filhos do estrangeiro tornem-se servos. Não estamos, então, diante de um texto de resistência e, muito menos, de libertação. Para mim, eis um texto de cooptação! Pergunto-me: qual o preço da inclusão?
É claro que há sinais de resistência e luta. Repito: sinais. É preciso, nesse sentido, avaliar retoricamente o texto para reconstruir as vozes subalternas de eunucos e filhos do estrangeiro. Somente assim poderemos desconstruir a retórica de subordinação do texto e recriar os argumentos dos oprimidos visando a uma transformação radical (SCHÜSSLER FIORENZA, 2007, p.149-193).


Aos eunucos e filhos do estrangeiro que se subordinarem é oferecido recompensas: aos eunucos – que não podem ter descendência – será oferecido um monumento (cf. 2Sm 18,18) , bem como a inscrição de seus nomes na parede do templo; aos filhos do estrangeiro, a promessa é de que seus sacrifícios serão aceitos. Já o último verso do v.7 (“minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”), introduzido por ki, não é uma promessa. É exatamente a reivindicação dos marginalizados. Posso demonstrar isso, inclusive, em termos literários.


Primeiramente, o ki possui a função de informar algo novo. Assim que se essa frase fizesse parte das promessas, ki perderia sua função demonstrativa. Além disso, os versos das promessas aos eunucos e aos filhos do estrangeiro se assemelham muito na forma, com três versos poéticos cada um (v.5 e v.7). Sendo assim, na poesia, o último ki traz um novo conteúdo: a reivindicação em si dos excluídos.


Desta forma, penso que este último verso do v.7 utiliza a própria argumentação dos subalternos para demonstrar que, enfim, suas insatisfações estão resolvidas. O grupo que tece o texto se interessa por uma política de inclusão de eunucos e filhos do estrangeiro ajustados (v.4 e v.6!). Isso não combina com “a casa de oração para todos os povos” do v.7. Pelo que parece, essa última parte do texto quer silenciar as vozes inquietas, utilizando-se das próprias vozes. Em outras palavras, o texto bem poderia ser assim: “Pronto. Não era isso que queriam? Com seus nomes nas paredes (eunucos) e seus sacrifícios aceitos (filhos do estrangeiro), a casa de oração passa a ser para todos.” Nesta mesma linha está a síntese do v.8. O curto oráculo quer mesmo encerrar o debate: “Muito bem. Outros serão ainda reunidos a vocês.”


Veja que o texto possui apenas o eco dos eunucos e filhos do estrangeiro. Marginalizados e oprimidos, sua luta não é pela rápida inclusão. Quero dizer: sua luta não é contextual. As promessas sim o são. Eunucos e filhos do estrangeiro – marginalizados em termos de sexualidade e raça/etnia – querem mais e não olham apenas para a faceta identitária que os marginalizam. Desejam uma transformação radical: a casa de oração para todos os povos.


Saliento aqui o uso do vocábulo ‘am “povo” que pode conotar mais do que pertença étnica: “povo se pode definir como uma comunidade de pessoas unidas entre si por vínculos de origem, língua, cultura e histórias comuns” (JENNI e WESTERMANN, 1985, col.392 – grifo meu). Assim, a reivindicação é que todos os que tivessem passado por histórias de opressão e subordinação – tais como eles próprios, eunucos e filhos do estrangeiro – pudessem também adentrar à casa de oração. Neste contexto, a casa de oração bem poderia representar “um deslocamento do fator identidade e localização (própria) em favor da dimensão do ‘espaço’ (comum)” (TROCH, 2007, p.42). A casa de oração seria um espaço de luta pela diversidade real e pelo fim da reprodução das diferenças de poder.


Minha proposta entende, pois, “eunucos” e “filhos do estrangeiro” enquanto “subalternos” . Essa conceituação é importante na medida em que amplia o enfoque da leitura e, ao mesmo tempo, não perde a especificidade das lutas. Em sua história de subalternização, eunucos e filhos do estrangeiro cruzaram as fronteiras em direção ao diálogo. Uma leitura queer, a meu ver, deveria estar atenta a essas articulações do cotidiano. Somente assim a complexidade da opressão poderá ser enfrentada mais adequadamente.


Conclusões nas fronteiras?
Após minha interpretação, penso que uma comparação com os resultados obtidos por West e Koch é salutar. Suspeito que a leitura superficial de Isaías 56,1-8 que, apenas aparentemente inclui outsiders, satisfaz os intérpretes que não analisam as estruturas multiplicativas de opressão. Diz-se que a teologia queer é uma teologia das margens que deseja continuar às margens (ALTAHUS-REID e ISHERWOOD, 2007, p.304). Todavia, ao enfatizar somente a sexualidade, as leituras de West e Koch parecem querer ser aceitas e legitimadas. Por fim, o texto é normalizado.


Timothy Koch nem mesmo avalia as referências aos “filhos do estrangeiro”. Parece que os elementos raça/etnia não estão em jogo em seu cruising. Será que a “pegação” é mesmo tão natural e universal assim? (no Samba Gay eu vi que não!). Quanto aos eunucos, Koch diz: “o status dos eunucos não são apenas respeitados, mas elevados, e é prometido uma posteridade no Terceiro Isaías” (2006, p.382). O hermenêuta deseja reforçar que a procriação não é um pré-requisito para ser aceito na comunidade: os eunucos, mesmo não procriando, serão elevados e serão lembrados na posteridade. Nessa interpretação, Koch está ainda lutando pela inclusão e se deixa levar pela retórica do texto que compra a subordinação dos sujeitos por meio de promessas. A real voz de contestação de eunucos e filhos do estrangeiro não é ouvida. Dizer que eunucos serão “elevados” não faz jus à luta dos mesmos por transformação. Antes, demonstra uma reprodução do jogo da opressão e um anseio para sair da marginalidade.


Também Mona West entende que a experiência queer de exclusão remete a uma identificação com eunucos e estrangeiros. E logo compra a idéia que o texto quer prescrever. Sendo assim, West não discute o preço da inclusão, qual seja, de aceitarem a aliança e serem servos. Prefere antes lembrar que pessoas queer estão, na atualidade, criando famílias por meio de inseminação artificial, adoção e barrigas de aluguel (1999, p.37-38). Mais uma vez, a inclusão de grupos ajustados e enquadrados parecer ser a agenda da luta.


Diferentemente dessas abordagens, propus uma metodologia em que o conceito queer seja levado a sério em toda a sua complexidade. A instabilidade, o deslocamento, a ambigüidade d@s sujeit@s não está vinculada exclusivamente à sexualidade. Penso, assim, que a sexualidade deve ser entendida como um fator entre outros. Quiçá um fator importante de articulação, afinal, como lembra Gloria Anzaldúa,

“Por serem os/as maiores cruzadores/as de fronteiras, os/as homossexuais têm laços fortes com os queer brancos, negros, asiáticos, ameríndios, latinos, e com os queers na Itália, na Austrália, e no resto do planeta. Vimos em todas as cores, todas as classes, todas as raças, todas as épocas. Nosso papel é o de conectar as pessoas entre si – os/as negros/as com os/as judeus/ias com os/as índios/as com os/as asiáticos/as com os/as brancos/as com os/as extraterrestres. Isso é transferir idéias e informação de uma cultura para outra” (2007, p.106-107).

Efetivamente, para pensar essa metodologia, precisei integrar hermenêuticas queer, feministas, pós-colonais. Mas não só. Fundamental foi vivenciar a Praça da República, conhecer o Samba Gay e também ver filmes pornográficos em que nossa sexualidade é lida colonialmente por lentes étnicas/raciais. Sem me desconectar da realidade, propus interpretar Isaías 56,1-8 a partir desta complexidade. O resultado obtido foi bastante diverso dos resultados de Koch e West. Para mim, eunucos e estrangeiros – enquanto subalternos – lutaram por uma mudança radical contra as estruturas de opressão e não se deixaram cooptar pelas promessas contextuais do grupo que teceu o texto. Não se curvaram perante a retórica de subordinação inscrita no texto. Em vez disso, eunucos e estrangeiros ofereceram um espaço concreto de transformação: a “casa de oração para todos os povos”.


Com este ensaio para além da identidade e contextualidade gay, estaria perdendo o foco da luta? Talvez sim, talvez não. Esse é exatamente o problema que levanto: cruzar constantemente fronteiras e viver no desconforto das tendas da vida nomádica implica em não se deixar fixar nas amarras identitárias. Nesse sentido, é preciso criar uma integração das lutas que na vida real se entrecruzam. Não podemos mais aceitar a lógica imposta das fronteiras que segmentam e aprisionam. Eis um novo foco! De todo modo, recusando-me a ser um insider autêntico, resta-me convidá-l@s ao debate no interior da “casa de oração”.

Adendo
Após concluir o ensaio, fiquei imaginando: e se o eunuco fosse também estrangeiro? A complexidade das relações de poder estaria ainda mais evidente! Então, lembrei-me de Atos 8,26-40 e a história do eunuco etíope. Não farei aqui uma análise do texto, até porque não me sinto suficientemente competente para avaliar o Testamento Cristão. Desejo apenas demonstrar que a metodologia empregada por Mona West na interpretação da história no The Queer Bible Commentary é, no mínimo, insuficiente (2006, p.572-574).


Já disse que para West a “Bíblia é nossa amiga”. Fico pensando a quem ela se refere quando diz “nossa”. Primeiramente, a autora não explora o campo étnico/racial do etíope. Apenas lembra que “eunuco é uma minoria sexual”. Evidentemente, o privilegio invisibiliza esse problema aos olhos da intérprete. Além disso, na história, o eunuco etíope pede explicação a Felipe quanto a um texto de Isaías (53,7-8). Ao invés de questionar este momento da narrativa que tira a autoridade interpretativa do eunuco etíope, Mona West louva ‘esses Felipes que interpretaram as escrituras de modo a empoderar a comunidade queer.’ Nesse ínterim, como se não fosse suficiente, a biblista lésbica e pastora da Metropolitan Community Church lembra do texto de Isaías 56,3-8, ao afirmar que na profecia messiânica todos os eunucos serão “servos perfeitos” (!?). E para arrematar, retornando ao texto de Atos, classifica o eunuco etíope como nosso “ancestral espiritual” e Felipe como nosso “santo patrono”.


Como não perceber as limitações da contextualidadade na interpretação? Sem o cruzamento de fronteiras, o texto não pode ser transformador. É preciso ser honesto o suficiente para criticar tais interpretações que desejam incluir apenas alguns grupos. A vida real pede uma outra interpretação. Como não trabalhar a etnia/raça do eunuco? É sabido que o foco do conflito em Atos, na comunidade lucana, é a intolerância do cristianismo siro-palestinense. A conversão de um eunuco e, ainda mais, etíope é a dramatização do rompimento das fronteiras desse grupo. Se o texto possui esse potencial transgressor e subversivo, porque não explorá-lo? Talvez porque lembrar o elemento etíope é lembrar que possivelmente o primeiro gentil convertido foi um africano? (FELDER, 2000, p.205-208). Porque Felipe seria nosso santo patrono? Porque precisamos de intérpretes autorizados?


Um texto como esse de Atos 8,26-40 possui um potencial transformador fascinante. Mas para que assim o seja, é preciso que @s intérpretes queer rompam fronteiras e lutem contra toda e qualquer forma de subordinação, uma vez que a idéia de inclusão parece ainda manter estruturas opressivas. Afinal, queremos apenas nos tornar “normais” e “invisíveis” ou lutar por um outro mundo possível?

Bibliografia
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Petição Em Repudio ao Deputado Jair Bolsonaro


Petição Em Repudio ao Deputado Jair Bolsonaro



terça-feira, 22 de março de 2011

Vida em fragmentos Sobre a ética pós-moderna


Vida em fragmentos
Sobre a ética pós-moderna
Entrevista: Zygmunt Bauman

No início de 2011 a Zahar lança dois livros essenciais para a compreensão da obra de Zygmunt Bauman: Bauman sobre Bauman e Vida em fragmentos. A leitura dos dois ajuda na compreensão de como os conceitos desenvolvidos pelo sociólogo foram se formando e a detectar como sua trajetória de vida influenciou na forma como foi compondo sua obra. Nessa entrevista, Bauman pensa sobre essas questões e analisa, por exemplo, a influência da esposa Janina, falecida no fim de 2009, em seu trabalho.

São dois novos livros para o público brasileiro: Bauman sobre Bauman e Vida em fragmentos. Acredita que são duas obras-chave para se entender o seu pensamento?
Sim, acredito que esse é o caso. No curso de conversações iniciadas e mantidas ao longo de um determinado período de vários meses, conduzidas pelo professor Keith Tester, eu tive a oportunidade de olhar para trás, para as circunstâncias que proporcionaram meus estágios sucessivos, continuidades e descontinuidades no desenvolvimento de minhas percepções e diagnósticos em relação à percepção do mundo que habitamos, assim como moldar e remodelar através de nossas ações e omissões. Foi o esforço de Tester em criar essa oportunidade e me obrigar a usá-la para o melhor da minha habilidade. Suas questões/provocações/simulações foram todas, sem exceção, bem escolhidas, bem direcionadas, pretendiam preencher os espaços brancos na minha obra, estabelecer inconsistências exigindo reconsiderações e insistindo nos assuntos insuficientemente desenvolvidos.
Em relação a Vida em fragmentos, os ensaios reunidos refazem minha trajetória do embate com a idéia de ‘pós-modernidade’ até a seleção da ‘liquidez’ como atributo definidor da sociedade e da vida social em nosso tempo. Esses ensaios relembram as razões para essa passagem e os principais argumentos a seu favor.

Keith Tester afirma, na introdução de Bauman sobre Bauman, que alguns fatores da sua vida foram essenciais para a construção dos seus conceitos, como por exemplo, o livro escrito por Janina Bauman sobre o Holocausto. Você concorda com essa afirmação?
Sim, completamente... O livro de Janina (publicado pela Zahar com o título Inverno na manhã: Uma jovem no gueto de Varsóvia) foi, por assim dizer, o impulso que me colocou na linha de estudo perseguida por mim nos últimos 20 anos (assim como eu coloquei para mim mesmo em resposta a pergunta sobre as principais influências em meu trabalho: ‘Antonio Gramsci me ensinou o que, Georg Simmel como e Janina porque razão...’

Segundo essa visão, acredita que as trajetórias de vida de filósofos e pensadores sempre acabam por influenciar a escolha dos objetos de estudo que escolhem?
Sem dúvida – poderia ter sido completamente diferente... Elas não poderiam deixar de influenciar (afinal, o que fazemos em ciências humanas é, acima de tudo, a reciclagem de nossas experiências de vida e observações, encontrando as descobertas e iluminações que acompanham esse curso) – mas influência não significa determinação... A vida pessoa proporciona o material bruto, mas reciclar isso é o trabalho e a tarefa dos pensadores – e são eles, ‘os filósofos e pensadores’, como você citou, que precisam arcar com as responsabilidades em relação à qualidade dos resultados, bons ou maus...

A questão central que move os ensaios de Vida em fragmentos (como exercer uma atitude moral que leve em conta o outro em um mundo fragmentado, ditado pelas leis de consumo?) continua sendo um problema a se pensar?
Sim, novamente – os ensaios não perderam a sua atualidade... há pouco o que mudaria em sua mensagem se fosse escrevê-los quinze anos depois. Continuamos habitando o mesmo tipo de mundo e a questão da atitude moral no cenário fragmentado de uma sociedade de consumidores é marcada agora por desafios semelhantes, a semelhante tarefa grandiosa, ciladas e armadilhas parecidas, como há quinze anos atrás. O que eu fiz nesses últimos quinze anos foi continuar desenvolvendo essas ideias, as tendências registradas em Vida em fragmentos, continuar a desvendar e a desenvolver plenamente sua potência – desafios éticos, oportunidades e ameaças...

Fonte: http://www.zahar.com.br/catalogo_exclusivo.asp?id=1207&ide=503

domingo, 6 de março de 2011

Políticos que são contra a causa LGBT

Políticos que são contra as causas LGBTs

    1. ANTHONY GAROTINHO - Candidato a Deputado Federal (PR-RJ): Contra o "casamento gay"
    2. AGNALDO MUNIZ (PPS RO): "Quero apenas manifestar-me com relação ao projeto de lei que reconhece a união civil de pessoas do mesmo sexo. Estaremos, a bancada evangélica e grupo de representantes de entidades religiosas, fazendo manifestação contrária. (...) O País deve apreciar questões importantes. Não podemos parar a Câmara dos Deputados para apreciar projeto de casamento de homem com homem e mulher com mulher, que vai de encontro aos bons costumes e à família. Este momento que estamos vivendo é para levantar a bandeira dos bons costumes, cuidar da família, célula mater da sociedade brasileira e do mundo."
    3. ARTHUR VIRGÍLIO - ex- Senador (PSDB-AM): Declarou-se contra PL 122/06
    4. BISPO RODOVALDO - Deputado Federal (DEM-DF): Manifestações contra a aprovação da PL 122/06
    5. BISPO RODRIGUES (PRB RJ): "mesmo que o projeto não legalize o casamento gay, abre a porta. Isso vai contra as leis naturais ditadas por Deus".
    6. CARLOS BATATA - (PSDB PE): "O DEPUTADO FEDERAL CARLOS BATATA É ABSOLUTAMENTE CONTRA O PROJETO DE LEI Nº 1151-95 QUE TRATA DA UNIÃO DE PESSOAS DO MESMO SEXO. TENDO EM VISTA OS DANOS MORAIS QUE PODEM CAUSAR AO CONCEITO CRISTÃO DE FAMÍLIA INDO TOTALMENTE CONTRA A PALAVRA DE DEUS, SENDO TAL ATO ABOMINÁVEL A DEUS."
    7. CARLOS APOLINÁRIO - Vereador (DEM-SP): Homofobico convicto
    8. DEMOSTENES TORRES - Senador (DEM-GO): Contra PL 122/06;
    9. DOM DADEUS GRINGS Arcebispo de Porto Alegre: “assim como hoje se fala em direitos dos homossexuais, daqui a pouco vão achar os direitos dos pedófilos”.
    10. EDUARDO CUNHA - Deputado Federal (PMDB-RJ): "Heterofobia"
    11. EXPEDITO JÚNIOR (DEM RO): "Com todo respeito... Deus não iria perder seu precioso tempo para ficar olhando para tal atrocidade... se isso não é pecado, então é o quê??????"
    12. GERSON CAMATA - Senado (PMDB-ES): Citou o Papa como elemento para influenciar a não aprovação da PL 122/06
    13. GERSON PERES (PP PA): "o argumento fundamental é que a homossexualidade fere componente da formação da lei: o racional, o natural, a lógica e o ético".
    14. GIVALDO CARIMBÃO (PSB AL): "Ao chegar à Câmara dos Deputados e ler a Ordem do Dia, constatei que está em pauta, para ser discutido e votado, o velho e tão discutido projeto que dispõe sobre a união de homossexuais. De antemão, digo que sou absolutamente contra, porque não é justo e entendo perfeitamente, sem nenhum sofisma que existam homens que entendem de viver com homens, e mulheres que entendem de viver com mulheres. Em hipótese alguma podemos concordar com a abertura de uma situação que existe no popular: o casamento homossexual. Entendo tratar-se de abertura perigosa. Não podemos começar a oficializar esse tipo de comportamento, já existente na sociedade, pois a família é o lastro da sociedade. Casei-me com dezessete anos. Portanto, estou casado há 25 anos e muito bem casado, Graças a Deus. Não posso aceitar isso. Como cristão e como homem, entendo que (...) Deus trouxe ao mundo o homem, Adão, e Eva, a mulher, tirada de sua costela, exatamente para darem início à primeira família da Terra. Não é possível convivermos com alguém que quer destruir a família. Imaginem dois seres do mesmo sexo morando juntos dois homens , e, de repente, uma criança é criada no meio de duas pessoas desse nível, dizendo: 'são meus pais' ou 'são minhas mães'. Não consigo, como cristão, como homem que tem um compromisso com a vida, aceitar esse tipo de comportamento."
    15. INDIO DA COSTA (DEM RJ): “Não somos contra os direitos dos homossexuais, mas não somos a favor que se criminalize, como propõe o PL 122, as pessoas que têm opinião contrária a essa prática”, afirmou Indio
    16. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PMDB PE): "Gente, sou carola! Pode ir à votação, mas vou fazer o discurso mais duro da minha vida. Contra, claro". O líder pefelista apresentou 10 projetos de lei e 2 projetos de decreto legislativo, um dos quais propõe plebiscito sobre o aborto, a união civil e prisão perpétua por ocasião de eleições gerais.
    17. JAIR BOLSONARO (PP-RJ) Homofobico declarado.
    18. JAIRO PAES DE LIRA (PTC SP) Como bom representante do partido que traz o cristianismo até no nome, o coronel – que assumiu a vaga de Clodovil Hernandes na Câmara dos Deputados, assim que o apresentador de TV faleceu, no início desse ano – defende a criação de um projeto de lei que proíbaexplicitamente o casamento homossexual.
    19. JEFERSON PRAIA - Senador (PDT-AM): Contra PL 122/06;
    20. JEFFERSON CAMPOS (PSB-SP) ´Há um sentimento muito negativo, não só na bancada evangélica, mas nas famílias. Crianças nessa fase de formação não têm estrutura para observar coisas dessa natureza. Temos nos articulado para barrar esse kit. Nós vamos tentar com o ministro (da Educação) evitar a distribuição do material`
    21. JORGE WILSON (PMDB RJ): Votou contra a PCR na Comissão Especial destinada a apreciar o PL 1.151/95, em dezembro de 1996.
    22. JOSÉ LINHARES - Deputado Federal (PP-CE): "Homossexuais não tem os mesmo direitos"
    23. JOSÉ SARNEY - (PMDB AP): “Ainda que uma união homoafetiva se configure na convivência pública, contínua e duradoura, com a intenção de constituir “família”, tal conjunção não é caracterizada como entidade familiar por nosso ordenamento jurídico (…)” E ainda: “a união homoafetiva sequer encontra-se prevista no nosso ordenamento como situação jurídica a ser amparada, mas – e neste ponto acertam os tribunais – como sociedade de fato”.
    24. JOSÉ SERRA - (PSDB SP): Serra dizendo que iria vetar o PLC 122 em pregação da Assembléia de Deus .Serra se alia ao Pastor Homofóbico Silas Malafaia na campanha eleitoral de 2010.
    25. JOSUÉ BENGTSON (PTB PA): "Quero citar passagem da Bíblia, palavra de Deus, que nos diz: 'Feliz a nação cujo Deus é o Senhor'. Essa matéria é afronta ao cristianismo, aos católicos, aos evangélicos, aos espíritas e a todos que têm fé espiritual. Não tenho nada contra a opção sexual de cada pessoa, mas querer transformá-la em casamento homossexual, julgo absurdo, pois o Brasil não precisa de lei dessa natureza."
    26. JULIO SEVERO: “Escritor” e ativista cristão. Abandonou o Brasil, em 2009, como “única alternativa” depois que o o Ministério Público Federal aceitou queixa da Parada do Orgulho Gay de São Paulo e outras organizações LGBT contra o conteúdo “homofóbico” veiculado em seu blog, que chegou a ser retirado do ar pela Google do Brasil — decisão essa revertida depois de alguns dias.
    27. LAEL VARELLA (DEM MG): "Venho recebendo inumeráveis manifestações no sentido de impedir que o Brasil se transforme na Sodoma do século 21. São solicitações do Brasil inteiro para impedir que a Câmara dos Deputados aprove o vergonhoso projeto que legaliza o chamado 'casamento' homossexual. Transformar tal projeto em lei é o mesmo que legalizar o pecado protuberante, atroz (...) Esse projeto aberrante visa equiparar essa união espúria e imoral ao casamento legítimo e abençoado por Deus. A prática homossexual, além de atentar contra a própria natureza humana, é um pecado que 'brada aos Céus e clama a Deus por vingança', como ensina a doutrina católica. A aprovação de lei deste naipe atrairia seguramente a vingança de Deus sobre o Brasil."
    28. MAGNO MALTA - Senador (PR-ES): Contra a PL 122/06 e declarou que "ser gay é pecado"
    29. MARCELO CRIVELLA - Senador (PRB-RJ): Contra TODOS os projetos de lei que reconhecem direitos aos homossexuais "homossexualidade é antinatual"
    30. MARCO FELICIANO (PSC-SP) “Se toda a literatura homofóbica tem que ser arrancada da prateleira a bíblia não vai poder mais ser distribuída nem lida”
    31. MARIA DE LOURDES ABADIA - Senadora (PSDB-DF): Contra PL 122/06 e homossexuais "podem" ser doentes;
    32. MARINA SILVA (PV-AC) a ex senadora recusa-se a aceitar o caráter laico do Estado Brasileiro, negou-se a segurar e apoiar a bandeira gay, e foi responsável na última eleição presidencial pelo debate de temas ligados à religião, dando ao processo um caráter iminentemente conservador. Contra PL 122/06; sempre se recusou a votar qualquer medida que beneficiasse os LGBTs, introduziu temas conservadores e moralistas na última eleição, se opõe ao Casamento Civil Igualitário;escondeu a bandeira gay em evento, afirmando que essa não é sua bandeira;
    33. OLAVO CALHEIROS - Deputado Federal (PMDB-AL): Projeto de lei que proíbe a adoção po homossexuais
    34. PAPALÉO PAES - Senador (PSDB-AM): Contra PL 122/06;
    35. PASTOR AMARILDO (PP TO): "o conselho quer tornar público o que essas pessoas estão fazendo, promovendo a inversão da natureza humana que Deus nos deu. A norma de que todos são iguais só é válida enquanto não interferir na lei maior, que é a lei de Deus, que nunca deixou de dizer que o sexo entre iguais é uma abominação, como são a pedofilia e a pederastia".
    36. Odacir Zonta (PP SC) - Homofóbico conhecido, faz discursos contra o "homossexualismo" (sic)
    37. PHILEMON RODRIGUES (PR MG): Concordar com essa sugestão abominável significa voltar as costas ao Criador. (...) A autora está desrespeitando as mulheres, querendo tirar o direito e o prazer que Deus deu às mulheres de fazer sexo conforme Deus permite à sua criatura. Passar este privilégio para os homossexuais é um desrespeito às mulheres. Nesta Casa, há muitas parlamentares que representam o povo. São elas que têm este direito e não os homens. Como vamos permitir que dois homens se unam por um contrato civil, desrespeitando o que institui a Constituição Federal: que só pode ser feito contrato civil entre homens e mulheres? (...)"
    38. RENATO CASAGRANDE - ex- Senador (PSB-ES): Contra PL 122/06; atual governador do ES;
    39. Afánazio Jazadji (ex-DEM, atual PMDB -SP) Faz campanha sistemática contra o "homossexualismo" (sic) na rádio e na política.
    40. RODOVALHO (DEM-DF) promoveu uma manifestação contra a provação do PL 122 que prevê a criminalização da homofobia
    41. RONALDO FONSECA (PR-DF) é o cara que articula o questionamento do IF conjunto para casais do mesmo sexo.
    42. SALVADOR ZIMBALDI (Ex-PSDB, PDT SP): Votou contra a PCR na Comissão Especial destinada a apreciar o PL 1.151/95, em dezembro de 1996. Em seu atual mandato, o tucano paulista apresentou nove projetos de lei. Um deles dispõe sobre a profissão de cabeleireiro. Um outro transforma São Tomás Moro patrono dos governantes políticos brasileiros.
    43. SEVERINO CAVALCANTI (PP PE): 'Não podemos aceitar que setores interessados na total destruição do sistema familiar, no núcleo da Família constituída por um pai (Homem) e uma mãe (Mulher) venham a nos impingir as suas leis, a pretexto de atender aos direitos de uma minoria, já contemplada pela legislação brasileira. Que os homossexuais tenham a sua vida privada, tudo bem. Mas casamento, só entre um Homem e uma Mulher. Esta é a Lei de Deus, da Natureza. Dos grandes países que se preocupam com o futuro dos seus filhos. Com a boa formação moral dos seus filhos. Dos países e homens públicos que respeitam a família, célula mater de qualquer sociedade." '
    44. SILAS CÂMARA (PTB AM): "Gostaria de falar sobre o momento que atravessa o Brasil em que tantas questões relacionadas à ética, moralidade e honestidade, são suscitadas, ocasião em que o País fica praticamente parado. Membro da banca evangélica, quero mencionar a falta de critério para colocar em votação o PL nº 1.151-A, que trata da união civil entre pessoas do mesmo sexo, por entender que há projetos prioritários e de importância vital para a Nação. Enquanto há homens lutando contra, outros tentam provar sua força; há confusão imensa no País. Existem inúmeros projetos tramitando na Câmara dos Deputados. E como se isso fosse pouco, tenta-se afrontar Deus com argumentos antibíblicos, que precisam ser repensados por esta Casa."
    45. VALTER ARAÚJO (PTB SP) Segundo ele, o PL 122 fere a Constituição brasileira. “Mesmo que lei seja aprovada, só será aplicada depois que o homossexual estiver morto. O que ela (Fátima Cleide) deveria fazer era investir em educação da população, para acabar com o preconceito”
    46. VALTER PEREIRA - Senador (PMDB-MS): Contra a PL 122/06
    47. Sergio Moraes (PTB-RS) é homofobico e machista com casas de prostituiçao na sua cidade (Santa Cruz do Sul).
    48. MÃO SANTA - Senador (PSC-PI): Contra PL 122/06;
    49. WALDIR AGNELLO (PTB SP) O PL 122 "deve ser rejeitado e definitivamente engavetado"
    50. WAGNER SALUSTIANO (PP SP): Votou contra a PCR na Comissão Especial destinada a apreciar o PL 1.151/95, em dezembro de 1996. Na atual legislatura, apresentou duas propostas de emenda constitucional e 18 projetos de lei. Entre os quais, o que proíbe a venda de cosméticos sem prescrição médica, e um outro, que transforma a segunda-feira de Carnaval no "Dia Nacional da Oração". Há também um projeto que determina o isolamento, nas penitenciárias, de portadores de moléstias infecto-contagiosas e de doenças sexualmente transmissíveis.
    51. WALTER BRITO NETO - deputado Federal (PRB-PB): Projeto de Lei que proíbe a adoção por homossexuais
    52. ZEQUINHA MARINHO - Deputado federal (PSC-PA): Autor de mais um projeto de lei que proíbe a adoção por hoossexuais
    53. JUIZ MANOEL MAXIMIANO JUNQUEIRA FILHO, da 9ª Vara Criminal de SP. Julgou em 2007 o caso Richarlyson e afirmou em sentença de arquivamento que futebol não era jogo para homossexuais e que gays deveriam fundar uma federação – o magistrado está Censurado desde 2008 pelo Tribunal de Justiça paulista.
    54. Álvaro Dias (PSBD-PR) - PLC é desnecessário, diz o senador Álvaro Dias
    55. José Camilo Zito (PSDB) - Prefeito de Duque de Caxias. Proibiu a quarta Parada Gay na cidade por conta de cartas de pastores e da igreja católica apelando contra o evento.
    56. Deputado Bispo Gê (DEM-SP) Ex-deputado. Várias declarações homofóbicas, contra o PLC 122, contra o Casamento Civil Igualitário, e contra a adoção de crianças por casais homoafetivos.
    57. João Campos (PSDB-GO) - Deputado Federal, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, contra as causas do Movimento LGBT.
    58. Luiz Bussuma (PV-BA) - É contra a adoção de crianças por casais homoafetivos.
    59. Samuel Malafaia (PR-RJ), irmão do pastor Silas Malafaia, que além de ser contra PLC 122, empreende campanha sistemática contra os homossexuais e qualquer direito que os beneficie, estabelecendo paralelos entre as leis que protegem os direitos dos homossexuais com direito dos pedófilos a ter livre vontade sexual com crianças e adolescentes.
    60. Deputado Marco Feliciano (PSC-SP), é um fanático radical de uma igreja evangélica, racista e francamente homofóbico.(Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato". Antes, ele já havia escrito: "Entre meus inimigos na net, estão: satanistas, homoafetivos, macumbeiros...")
    61. Flávio Bolsonaro (PP-RJ) Deputado Estadual: tão homofóbico quanto o pai.
    62. Carlos Bolsonaro (PP-RJ) Vereador, assumidamente homofóbico.
    63. WALTER PINHEIRO (PT-BA), Senador, anti-adoção homoparental; esteve na Marcha Anti-PLC122 juntamente com Garotinho, Malafaia, e Bolsonaro, "pelo direito de discriminar".

    Caso alguém queira, complemente a lista acrescentando da mesma forma as declarações e posicionamentos de cada um.

    Importante lembrar que o sistema político brasileiro é proporcional, ou seja você não vota somente no político, mas também na lista partidária.

Mais informações: Ação Anti-homofobia - Alexandre Ivo: http://www.facebook.com/home.php?sk=group_176922435679123&ap=1

Moral de Rebanho




A moral de rebanho caracteriza-se como antípoda da vontade de potência, ela (a moral de rebanho) prega a vida gregária que impede a singularidade e acaba com as diferenças entre os indivíduos; e tem como função a domesticação , a padronização do homem, junto com a doutrina do livre-arbítrio a moral de rebanho leva os homens a acreditarem piamente que são livres, que pensam livremente, que agem segundo suas próprias vontades, que fazem escolhas, quando, no entanto, são todos escravos do mesmo rebanho, do instinto gregário, da moralidade.

Mais sobre: O Anticristo, Nietzsche

sexta-feira, 4 de março de 2011

30 ideias para ajudar a causa LGBT



ASSUMA-SE (autoestima, orgulho e aceitação)

1) Sair do armário pode ter um custo na vida pessoal que deve ser avaliado. Mas também pode trazer benefícios. O fim das mentiras é sempre um alívio. Vencido o estranhamento inicial, suas relações ficam mais próximas, profundas e autênticas, com parentes e amigos gostando de quem você é de verdade. Além disso, você faz sua parte para que a sociedade assimile melhor a diversidade, ao mostrar a ela referências diferentes dos estereótipos. Pense nisso e tome sua decisão, no momento oportuno e para as pessoas que julgar adequado (você não precisa dividir sua intimidade com todo mundo).

2) Dê apoio àquele(a) amigo(a) que saiu ou foi retirado(a) do armário. Mesmo se foi uma decisão precipitada ou as conseqüências foram desastrosas, jamais lamente ou critique. Um e-mail, um telefonema, um convite para um café (ou, em casos extremos, uma mãozinha para conseguir um novo lar ou um novo emprego), são boas maneiras de ajudar.

3) Não tenha medo de andar de mãos dadas, beijar e fazer as mesmas carícias que outros casais podem trocar em locais públicos.Ninguém tem o direito de pedir que você pare de fazer aquilo que é permitido aos demais. Expressar seu carinho não significa agredir ninguém e você não precisa ficar constrangido por isso.

4) Da próxima vez que você ouvir uma piada escrota ou um comentário maldoso contra homossexuais, não finja que acha natural, muito menos engraçado. Avalie quem são seus interlocutores e, se você achar que vale a pena, mostre que essas visões são fundadas em preconceitos e ideias inadequadas. Muitas vezes, o problema é de falta de informação (o que também vale para quem fala em “homossexualismo” e “opção sexual”). Você pode ajudar a mudar a mentalidade sem se tornar um patrulheiro chato.

5) Não semeie o preconceito interno. Você pode preferir alguns estilos, tribos ou grupos, com quem tem mais afinidade. Mas isso não lhe torna melhor do que os “afeminados” (ou as “masculinizadas”), pobres, nordestinos, negros ou gordos, nem lhe dá o direito de desprezá-los ou humilhá-los. Não faz sentido gays falarem mal de travestis, travestis falarem mal de lésbicas, lésbicas falarem mal de gays…

6) Exerça seu poder de consumidor.Boicote produtos e serviços oferecidos por empresas com posturas homofóbicas ou propagandas preconceituosas. O mesmo vale para programas de TV que ridicularizam homossexuais. Por outro lado, prestigie estabelecimentos que simpatizem com a causa – mas tente diferenciar os que são genuinamente friendly daqueles que não passam de oportunistas de plantão.

DEFENDA-SE (consumo, preconceito e justiça)

7 ) Você viu alguém levando um “coió”, sofrendo violência física? Chame a polícia imediatamente. Seja solidário e preste todo tipo de socorro à vítima que estiver ao seu alcance, sem se colocar em perigo. E testemunhe em favor do ofendido, caso ele decida prestar queixa. Pesquisas apontam que boa parte dos LGBTs que sofrem violência não relata o ocorrido a ninguém. Mas denunciar é a única maneira de atacar o problema e combater a impunidade.

8 ) Se você sofrer preconceito, discriminação e/ou violência em razão da sua sexualidade em qualquer lugar público, não se cale: denuncie. Quem está em São Paulo conta com o apoio da Lei Estadual nº 10.948 e não precisa expor sua identidade. Pesquise se na sua cidade ou estado há leis contra a discriminação, ou mesmo órgãos e delegacias especializados. Mesmo se não houver, o Ministério Público está em todo lugar e pode ajudar. Existem ONGs que podem ajudá-lo no contato com as autoridades.

9) Sofreu perseguições, humilhações, foi despedido por conta da sua orientação sexual? Reúna provas e testemunhas (ambas são indispensáveis!), procure um advogado e corra atrás dos seus direitos. Para quem não tem condições financeiras de bancar um advogado, a Defensoria Pública presta assistência jurídica gratuita e tem defensores especializados em LGBTs. O processo judicial levará tempo, mas a vitória proporcionará a reparação dos danos e ainda servirá de exemplo – para quem sofre processar, e para quem persegue pensar duas vezes.

10) Quando você se deparar com um site ou qualquer outra manifestação homofóbica na internet, denuncie à SaferNet. Faça o mesmo quando encontrar algo sexista, racista ou preconceituoso contra qualquer outra população.

11) Leia jornais e/ou assista ao noticiário na TV. Mantenha-se informado sobre o que acontece na sua cidade, no seu país, no mundo – e não apenas no meio gay.

ORIENTE-SE (informação e política)

12) Procure conhecer a história dos políticos em quem você pensa em votar. Você pode escolher candidatos mais comprometidos com os interesses da causa LGBT – e ajudar a evitar que outros militem contra nós e fechem portas importantes. Mas não vote em alguém só porque ele é homossexual ou aproveita para fazer palanque nas manifestações e depois some.

13) Saiba quais são os projetos de lei de interesse LGBT que aguardam votação: o que eles preveem e como eles podem mudar a sua vida.

14) Acompanhe a atuação dos parlamentares em quem você votou no que se refere às ações contra a homofobia. Pesquise se eles integram a Frente Parlamentar pela Cidadania GLBT. Comunique-se com deputados ou senadores e cobre deles apoio aos projetos e compromisso com a cidadania LGBT.

15) Registre seu apoio ao PLC 122 (que criminaliza atitudes homofóbicas em todo o território nacional) através do Alô Senado, um serviço telefônico que permite que cidadãos se manifestem sobre iniciativas em trâmite no Congresso. Basta ligar para 0800 61 22 11 e pedir que senadores do seu Estado, em especial aqueles que fazem parte da Comissão de Assuntos Sociais, votem pela aprovação do projeto. Se você não sabe quem são os senadores do seu Estado, a telefonista poderá informar. A operadora vai solicitar dados pessoais, mas não se preocupe: isso é apenas para evitar que uma mesma pessoa faça várias ligações. É seguro e gratuito. O mesmo pode ser feito por meio do site :

http://www.naohomofobia.com.br/home/index.php

ENGAJE-SE (participação social e voluntariado)

16) Manifeste suas convicções para o mundo. Pode ser abrindo um blog, com temas de interesse político de LGBT, ou mesmo escrevendo uma carta a uma revista de grande circulação ou ao jornal da sua cidade. Opiniões favoráveis aos nossos direitos precisam ser ouvidas pela sociedade.

17) Colabore com pesquisas sobre LGBT, seja sobre saúde, direitos, violência ou qualquer outro tema. Para que as autoridades tracem políticas públicas, elas precisam conhecer melhor nossa população.

18) Considere a ideia de fazer algum tipo de trabalho voluntário. Há muitos segmentos que precisam de ajuda, dentro e fora do universo LGBT.

19) Existem muitas ONGs organizadas para defender interesses da população LGBT. Tenha um pouco de curiosidade e disposição e procure conhecê-las. Informe-se sobre os projetos, divulgue suas campanhas, atividades e iniciativas. Nós listamos algumas delas na barra lateral deste blog.

20) Preste ajuda financeira a ONGs, casas de apoio ou iniciativas pró-LGBT cujo trabalho você conheça. Para conseguir mais doações, faça um jantar ou festa e peça aos amigos para trazerem dinheiro, no lugar do presente. Se você tem uma boate, bar ou similar, uma maneira de colaborar é escolher um dia por ano e destinar uma parte da renda que faturar.

21) Pense também em outras formas de auxílio material, além de dinheiro. Casas de apoio recebem doações de roupas, móveis, utensílios e até produtos de limpeza. Ou a cesta básica que você recebe no trabalho e não utiliza. Ou aquele computador velho que você encostou quando comprou um mais moderno.

22) Ofereça-se para traduzir textos dos sites de instituições pró-LGBT para o inglês, o espanhol, o francês ou outras línguas que você conheça. Você não precisa sair de casa, não gasta nada e faz um trabalho que custa caro para a maioria das entidades.

23) Colabore oferecendo algumas horas semanais do seu trabalho. Conforme o seu ramo de atividade, você pode prestar assessoria jurídica a uma ONG, ou atendimento psicológico a pacientes convivendo com o vírus HIV/AIDS, ou desenvolver quaisquer outros trabalhos na sua especialidade. Seja criativo e pense em como aproveitar sua formação para colaborar com a causa.

24) Se você é homem, relaciona-se com outros homens e não contraiu o vírus HIV, ofereça-se para participar do IPrEx. É uma pesquisa em escala global para testar um medicamento usado no tratamento de soropositivos e descobrir se ele é eficaz para evitar o contágio. O estudo é conduzido pelo Hospital das Clínicas (São Paulo) e pelo Instituto de Pesquisa Evandro Chagas da Fiocruz (Rio de Janeiro). Outras pesquisas sobre vacinas e medicamentos devem ser implementadas até a obtenção de resultados no combate ao HIV. Todas merecem sua atenção.

25) Sexo seguro é uma opção pessoal, cuja responsabilidade é de cada um.Não se baseie em aparências ou presunções – elas enganam. A decisão de abrir mão do preservativo em um relacionamento precisa ser muito bem pensada pelos dois parceiros, e nenhum deles deve pressionar o outro na negociação. Se você fez esse pacto e depois se expôs a uma situação de risco, não deixe tudo como está: reintroduza o sexo seguro na relação, faça os exames e repita-os após 3 meses e 6 meses. Não exponha o parceiro que confiou a saúde a você.

CUIDE-SE (sexo, drogas e outras travessuras)

26) Busque informações sobre todas as doenças sexualmente transmissíveis. Não se preocupe apenas com o HIV e a AIDS. Há outras DSTs cujo contágio se dá com muito mais facilidade, sem necessidade de troca de fluidos entre os parceiros. Conheça os sintomas internos e externos e lembre-se de que prevenir é bem melhor do que remediar. Por essa mesma razão, fazer exames sorológicos periodicamente (sobretudo de HIV e hepatites) também é uma boa ideia. Não existe vacina para a hepatite C, mas, para a A e para a B, sim. Em alguns casos, essas vacinas são disponibilizadas gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

27) Vai sair para fazer uma pegação básica? Ande com algumas camisinhas a mais no bolso, e distribua para os colegas que necessitarem. Qualquer posto de saúde fornece preservativos gratuitamente. Saunas também.

28) Foi flagrado fazendo pegação em um parque, banheiro ou qualquer outro lugar público? Você deve saber que cometeu uma infração. Mas esse delito é considerado como de menor potencial ofensivo. Pelo caminho correto, você será conduzido à delegacia (jamais mantido em cárcere privado numa “salinha da segurança”, muito menos agredido fisicamente!), será lavrado um termo circunstanciado e você responderá, em liberdade, a um procedimento no Juizado Especial Criminal, que costuma resultar em condenação ao pagamento de cestas básicas. Lembre-se que a polícia tem corregedoria e ouvidoria para investigar abusos. Mesmo tendo cometido uma infração, você possui direitos que devem ser respeitados.

29) Antes de pensar em ingerir drogas, anabolizantes ou medicamentos pesados, informe-se sobre os efeitos, riscos e consequências do uso de cada uma dessas substâncias, e passe essas informações adiante sempre que puder. O responsável pelos seus atos não é o seu amigo, o atendente da farmácia ou o professor da academia, muito menos o traficante – e sim você, somente você.

30) E NUNCA ESQUEÇA: Por mais que existam piadas, comentários, opiniões e até religiões reforçando o preconceito e a homofobia e tentando esculhambar os homossexuais, lembre-se de que a sua orientação sexual não vale menos do que as demais, nem é motivo de vergonha. Você não é melhor ou pior do que os outros (muito menos sujo, pecador, culpado ou doente) por ser homo, bi ou heterossexual. Sua sexualidade é apenas mais um detalhe sobre você, assim como a cor dos seus olhos.

Fonte: http://30ideias.blogspot.com/