quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SALMO


de Paul Celan


Ninguém tornará a nos amassar com terra e argila,

Ninguem soprará a palavra sobre o nosso pó.

Ninguém.


Louvado sejas tu, Ninguém.

É para agradar-te que queremos

florir.

É ao teu

encontro.


Um Nada

é o que fomos, somos e continuaremos

sendo, florindo:

a rosa de Nada, a

rosa de Ninguém.


Com

o estíolo luminoso da alma,

o estame de céu agreste,

a coroa vermelha

do verbo púrpura que cantamos

acima, oh acima

do espinho.

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