domingo, 2 de maio de 2010

Filosofia e magia no renascimento de Héléne Véndrine


Tradução Augusto Patrini Menna Barreto Gomes

www.augustopatrini.com.br

Filosofia e magia no renascimento. de Héléne Véndrine

Introdução: Uma história tão longa...

Como aparece o extra-ordinário, o inabitual no interior da ordem da natureza? Entre ciência e magia, o pensamento do renascimento hesita. Cometas, monstros, diabos, feiticeiras, milagres, poderes misteriosos são tantos os sinais os quais são discutidos pelos doutos. Qual a diferença entre estabelecer o horóscopo de cristo que pratica Cardan[1] para o grande escândalo de seus contemporâneos e os horóscopos que Galileu tira, divertindo-se, para ele e seus amigos? O que pensar dos cometas e dos prodígios que acompanham um grande acontecimento?

Entre a magia natural que é a arte do produzir efeitos fantásticos graças ao saber superior do mágico e a ordem habitual dos fatos, as fronteiras são mal traçadas. Cosmologia, astronomia, astrologia, física coexistem entre os maiores sábios. Képler é um dos exemplos celebres. Discute-se até o infinito para estabelecer uma distinção entre adivinhação “ilícita” daquilo que pode predizer o futuro. Enfim, em um cosmos onde Deus age por intermédio das esferas celestes, da alma do mundo e dos anjos, é bem difícil saber se os milabilia dependem dos maus demônios ou dos anjos. Entre os saberes controláveis e as superstições, a magia (no sentido largo) é onipresente em suas contradições e as questões que ele coloca à filosofia e à religião.

Gostaríamos de refletir aqui a constituição dos campos dos saberes no Renascimento buscando determinar o modo de funcionamento do pensamento nos séculos XV e XVI, as formas de racionalização onde se entrelaçam magia e ciência.

Unidade e dispersão

“Da astronomia saiba em todos os cânones; deixe-me o astrólogo adivinhador e a arte de Lullulius, como abuso e vaidade.”

Esta injunção contida na carta programa destinada a Pantagruel resume a opinião de Rabelais em 1534 e aquela de certo número de seus contemporâneos. Os “loucos profetas” irritam por seus excessos, mas as fronteiras entre a astronomia e a astrologia estão longe de estarem fixadas.

Pode-se falar de uma unidade no pensamento do Renascimento? Sim, se aceitamos que ele se inseria bem em uma “epistême” onde se articulam astrologia, magia, demônios e premonições. Não, se levarmos em conta a variedade de polêmicas e dos debates em jogo. Os ilustrados não têm dificuldades em demonstrar que o movimento chamado “Humanismo e Renascimento” não possui nem homogeneidade nem unidade.

Inicialmente, há o problema cronológico. É necessário insistir sobre a renovação das artes e da literatura que começa na Itália por volta do ano de 1400? É necessário reconhecer a importância das datas emblemáticas: 1453, tomada de Constantinopla pelos turcos, 1492, descoberta da América, 1517, fixação das teses de Lutero nos postes da catedral de Wittemberg, 1543, a publicação do De revolutionibus orbium Coelestium de Copérnico, 1600, morte de G. Bruno na fogueira do Campo di Fiori?... Poderíamos continuar. E falar da diferença entre os países do norte da Europa e aqueles do sul. Tentar avaliar a influência do neo-platonismo de Florença sobre os pensadores da época. Perguntar-nos o que era essa cultura européia baseada no latim e no grego, sobre a descoberta dos novos textos onde Hermes Trismegisto, Demócrito, magos, gimnosofistas e “sábios” universais, que se relacionam em sínteses bem surpreendentes.

Para nossa proposta, remarquemos que é impossível estabelecer uma fronteira rigorosa entre os partidários da magia ou da astronomia daqueles do saber estritamente controlado. Não é possível separar com precisão o “racional” do “místico”, “ciência” e “superstição”, “astronomia científica” e “astrologia”. Nossos conceitos não se adéquam a maneira de apreender o mundo própria dos filósofos do Renascimento. A divisão sujeito/objeto não tem nenhum sentido e o conhecimento se realiza muito mais em termos de fusão do que de separação. Cognitio est coitio quaedam, diz um célebre platônico chamado Patrizzi. Magia, astrologia, demonologia se encontram integradas em um sistema de forças. Mas o problema começa com a interpretação da possibilidade de agir sobre a natureza ou sobre os fatos: onde começa e onde termina o ilícito? Como conciliar a premonição de Deus e o saber taumaturgo?

Questões decisivas para a ética, a religião e a filosofia.

Polissemia da Magia

“Profunda magia é saber unir os contrários após ter encontroado o ponto de união.” Diz G. Bruno em um de seus diálogos em língua italiana, intitulado Causa, principio e Unidade.[2]

Este texto poderia resumir todo um aspecto do pensamento do Renascimento: o jogo de identidades e diferenças constitui a trama sobre a qual refletiram gerações de filósofos que, ao invés de procurarem idéias claras e distintas, preferem avançar por meio de totalização e des-totalização. Filósofos dos conceitos, mais do que do entendimento, mais adeptos dos “furores heróicos” do que da lógica finalista. Os espíritos belos pensam em termos de atração, de afinidade, de dinamismo, de philia. Como o disse Ficino (1433-1499)[3] que inventa um novo tipo de reflexão: “Toda a natureza é chamada de mágica em virtude do amor recíproco.”[4] A extensão do termo magia é praticamente inesgotável. É seguramente com essa polissemia que operam os autores.

No sentido mais geral, a magia está baseada sobre as ligações de simpatia que unem todos os seres em função da influência dos seres superiores sobre os seres inferiores. No limite, a magia se identifica com a ciência primeira na qual se unem todos os outros conhecimentos. No testemunho em De Occulta philosophia de Cornelius Agrippa de Nettesheim[5], manual emblemático de todos os saberes herméticos do Renascimento. Publicado em 1530, ele expõe os grandes princípios da magia natural e da magia celeste a partir de uma leitura de Ficino e Pico della Mirandola [6]. Síntese onde o hermetismo antigo e a cabala se encontram cristianizados e recuperados em uma visão da harmonia universal que entusiasmou alguns, e apavorou outros. “A magia é uma faculdade que tem um grande poder, pleno de mistérios nobres e que guarda uma profunda forma de conhecimento das coisas as mais secretas, sua natureza, seu poder e sua conexão. De onde ela produz seus efeitos pela união e pela aplicação que ela faz das diferentes virtudes dos seres superiores com aquela dos inferiores. Está aí a verdadeira ciência, a filosofia mais elevada e a mais misteriosa, a perfeição e a realização de todas as ciências naturais, pois que toda filosofia regular se divide em física, matemática e teológica.”[7] Tudo está nisso: os efeitos maravilhosos, o mistério, mas também a forma suprema da ciência.

Nesse sentido, a magia se identifica com o sonho do saber absoluto e com a transformação universal: encontrar correspondências entre o macrocosmo e o microcosmo, descobrir o alfabeto onde se inscrevem com letras de fogo os segredos do universo. Do alquimista ao mágico, passando pelo astrólogo, o fantasma da potência se manifesta por meio de uma fascinação criadora. Encontrar o enigma que escapa ao vulgar, produzir o efeito misterioso que assombrará. Toda uma ontologia do segredo que se estende aos confins da imaginação e do onírico. A ambivalência é a lei destas cosmogonias fantásticas onde o poder de ligar àquele que transgride o saber vulgar, mas se submetendo a uma ordem dissimulada. Visão ativa da matéria, mas também dos signos. Libertação de palavras, cartas, categorias, de evocação e de lugares. Topologia diabólica de 3500 demônios (ao menos que este não seja mais) aos quais respondem o tópico celeste de anjos. Inventaire à La Prevert[8]da Biblioteca Saint-Victor segundo Rabelais, ou enumeração dos Poderes, dos Séphiroth[9] e dos Thorones por Agrippa? Ninguém sabe. Mas cada um pode escolher: aeromancia, pyromancia, dacylomantia, coscinomancia, céphalomancia, lucomantia, etc.

Segundo a filosofia de numerosos filósofos do Renascimento, a magia não é delimitável. Em Copérnico que escreveu Mathemata mathematicis scribuntur (as matemáticas são escritas por matemáticos), os filósofos respondem que a alma humana estando localizada entre o céu e a terra, ela não saberia a estrita disciplina das ciências exatas. Bruno, fervoroso partidário de Copérnico, repreende este de ter se limitado a uma astronomia puramente matemática. É necessário concluir que é imprudente falar de racionalismo do Renascimento? A querela prolifera enquanto ela escondia lutas intensas entre dois campos: uns insistindo sobre aspecto livre do pensamento, os outros estando mais sensíveis ao peso do passado[10]. Estas polêmicas estão ultrapassadas. O termo “racionalismo” abrange um sentido muito mais largo que antigamente, na medida em que a etnologia e as ciências do homem nos habituaram a ver uma ordem na diversidade de fenômenos aparentemente aberrantes. Enfim, é necessário não esquecer que para o pensamento do Renascimento, não existe limite preciso entre o provável e a prova.

Semelhança, participação, metáfora são termos sobre os quais atua o hermetismo. “Há sobre os corpos certa idéia de humanidade graças a qual, por participação e semelhança, todos aqueles que são homens tornam-se homens”, repete Ficino após Platão ou Plotino. Participação na idéia, mas também e, sobretudo influencia dos poderes celestes sobre os seres terrenos: progressão de um ao múltiplo que permite fazer participar o visível na dignidade do invisível. Espelho de mil facetas onde a unidade se reflete.

Espectador e ator, o filosofo-mago participa na vida das formas e eleva a matéria a uma dignidade superior transformando-a graças ao poder taumaturgo que ele adquire pelo seu saber e sua sabedoria. É necessário levar a sério a idéia do homem, cópula do mundo. Sobre ela se fundam a arte das correspondências e das transmutações. É este lugar original na hierarquia dos seres que permite ao homem aplicar os diferentes vínculos (vincula) e dominar os fluxos. Fazer-se sobre-humano utilizando melhor seu gênio. Uma vez mais Ficino dá o tom: “Nós que escolhemos o gênio, mestre de nossas vidas. E não é o gênio que nos escolhe. A responsabilidade volta ao autor da escolha.”[11] Bem longe de ser uma “falsa ciência”, a magia é prova do saber e do poder. Daí a fascinação que exerce sobre os profetas, como também sobre os políticos como Maquiavel e sobre os espiritualistas. A profecia é inicialmente vista como uma conquista humana antes de parecer para as massas um dom de Deus. O mais sábio, o mais culto é também aquele que queima ardentemente: não há poder sem furor, sem essa mania que distingue o herói do vulgar. Os grandes iniciados participam da elite dos homens superiores. Deste ponto de vista, magia e filosofia não se opõem.

Isso não impede que em um domínio tão sensível, não fosse necessário estabelecer distinções e de estabelecer as regras de diferenças entre o lícito e o ilícito.

Os critérios utilizados para julgar os diversos aspectos do ocultismo, do hermetismo, da magia ou da astrologia diferem segundo as épocas, pois que eles também atuam sobre a filosofia pura como na religião, na ética como na política. Por que a repressão às feiticeiras toma tanta importância na segunda metade do século XVI, quando esse tipo de atividade era tolerada anteriormente? Como interpretar os sinais? O que o demoníaco? E como separar a probabilidade honesta ligada à pratica da agricultura da predição dos horóscopos? Sobre esse ponto, a Igreja e a Justiça tinham uma longa prática. Mas de acordo com as épocas, a tolerância varia. Entretanto, tanto é a Inquisição que tem a última palavra como a Justiça.

Mas os pensadores também têm opinião. Não se pode negar que a influência dos neo-platônicos de Florença transformou profundamente a paisagem intelectual. A irrupção dos textos atribuídos a Hermes Trimegisto, “o retorno em força[12] do ocultismo antigo deu ares de nobreza a práticas, que se acreditavam abandonadas. Mais grave talvez seja que a demagogia torna-se objeto de pesquisa. No final do século XVI, o magistrado Bodin, assustado com o crescimento da feitiçaria, critica os florentinos por não saberem distinguir entre os bons e maus demônios. “o que quiseram os platônicos, não entendendo bem, foi por meios dos demônios inferiores e dos meio-deuses atrair os deuses superiores, para enfim atrair o Deus superior.[13]” Uma investigação tão completa como esta empreendida por Bodin em “De La démonomanie des sourcieres” não pode ser compreendida sobre o fundo das preocupações de um magistrado filósofo. Enquanto magistrado, ele condena “feiticeiro é aquele que por meio diabólicos conscientes se esforça para conseguir qualquer coisa.[14]” E por descrever abundantemente os meios diabólicos: missas negras, copulação com bodes, transporte sobre vassouras... mas enquanto filosofo, ele necessita descrever esta loucura que é a feitiçaria, e fazê-la entrar em um sistema de mundo. Ele coloca então o problema da utilização dos “saberes”, legítimos ou ilegítimos. Responsabilidade do sábio...

A linha de divisão está longe de estar clara: um partidário da astrologia pode se revelar opositor a magia e vice-versa. A querela que opõe florentinos e aqueles nascidos em Pádua atua em diversos níveis, e mobiliza também tanto o problema ético (papel da liberdade) como o problema cosmológico (papel dos astros).

E, sobretudo, opõem-se duas visões do milagre. A confiança cega dos platônicos, que não hesitam em ver o maravilhoso em tudo, um médico, um filósofo como Pompanazzi solicita que se desligue cuidadosamente aquilo que é da ordem dos fatos do que é indeterminado. Por exemplo, ele afirma que “nenhuma razão natural pode provar a imortalidade da alma.”[15] Mas ele acrescenta que a religião pede que acreditemos. É uma mistura de audácia calculada e de prudência que caracteriza esta obra ambígua, mas de que o viés crítico não passou despercebido por seus contemporâneos. A mesma tática quando se trata de milagres: Existem aqueles que são canônicos (reconhecidos pela Igreja), e que não se coloca em dúvida; e aqueles que são apenas o resultado das multidões crédulas... As práticas discursivas nesta área respondem a opções filosóficas e éticas. Mas todos estes pensadores concordam sobre um ponto: como dirigir sua vida em função das forças que animam o cosmos? Magos ou astrólogos procuram uma ética.

Esta ética tem suas características próprias: ela utiliza o vasto corpus redescoberto pelos eruditos para atualizar em um quadro de uma pesquisa de potência. A figura do alquimista modesto e discreto desaparece em favor de um herói conquistador e seguro de si. Cada um deles proclama sua originalidade e sua glória. Com o pretexto que “tudo esta dentro de tudo”, pode-se reduzir o pensamento dos filósofos a uma simples retomada do pensamento antigo. Por exemplo, o hermetismo de Bruno somente pode ser compreendido sobre o fundo de sua cosmologia “infindável” e, sobretudo sua crítica virulenta a sociedade. Mas esta cosmologia não seria somente reduzida, como afirmam alguns, a uma simples retomada dos Antigos. Ela é profundamente transformada pela leitura de Copérnico e pela destruição teórica da cosmologia aristotélica. Hermetismo e ciência se conjugam de uma forma um tanto original. E o mesmo problema se colocara mais tarde para Kléber e Newton...

A ciência desconstrói ao mesmo tempo em que engloba. O paradoxo do Renascimento está aí: tudo acontece como se no momento que o antigo sistema afunda, ele funciona ao mesmo de tempo de uma forma sobredeterminada e fixada.

Sobredeterminada, em alguns autores como Cornelius Agrippa que em Philosophie occulte ou De La magie resume de uma maneira enciclopédica o conjunto de crenças mágicas e herméticas sem esquecer a Cabala, a arte de Lulle e todas as seitas mais ou menos conhecidas. Manual de sucesso, que foi pilhado por todos.

Mas ao mesmo tempo este corpus naufraga rotundamente. Erasmo, Rabelais, Montaigne e outros o desprezam abertamente. Lembremos que na ocasião da visita a Herr Trippa e do Tiers Livre que ridicularizam a adivinhação, os sortilégios virgilianos, e as premunições. Há ao mesmo tempo conivência e distanciamento. Conivência sobre um antigo fundo de cultura popular e distanciamento porque “os reverendos pais em diatribes” são infames charlatões. Mas as sutis distinções a magia espiritual e a magia demoníaca são as vezes frágeis. O diabo e os demônios assombram demais estes lugares onde “fuinhas, lagartas, basiliscos, cantáridas crocodilos, sapos” avizinham-se com os “dragãos e os escorpiões” sem contar os gatos negros...

Pico de La Mirandola resume muito bem esta ambiguidade da magia : “eu digo e repito que esse nome de magia é um termo equivocado, e significa também necromancia onde se procede tanto com pacto e acordos estreitos com os demônios, como com a parte prática da ciência da natureza, que não ensina nada além de realizar obras maravilhosas por meio de forças naturais”

Esta experiência do equívoco repousa sobre uma relação paradoxal entre o visível e o invisível. Além de qualquer propósito que leiamos, há uma antologia do olhar, da luz, dos espelhos, das forças ocultas. E isto sob uma forma estranha. Então que os pintores descobrem o espaço rigoroso da perspectiva e fixam uma estética do real construída geometricamente, os filósofos inventam uma espécie de tele-espaço onde as distâncias são abolidas e onde o real, por um jogo de transversalidade, foliações e pontos de vista, como um telescópio.

Quando então se esboça uma fenomenologia da representação, e uma construção do espaço abstrato, o tecido do cosmos é tateado em enigmas, em espelhos, em simultaneidade. De um lado um enfoque de tipo cientifico e “objetivo”, de outro um cosmos vivo onde o ser acontece como em uma palpitação interna. Dinâmico de transformações, participação, interferências: alquimia dos sentidos, imagens flutuantes, melancolias ativas do gênio que corre atrás de formas inacabadas.

Esta tensão entre dois aspectos caracteriza o momento do Renascimento. Enraizamento no ser que despe e se afirma em “imagem”, em “enigma”. Do outro lado, a conquista de um saber matemático, exaltação das novas praticas, afirmação de si, o realismo político. Os dois aspectos não se excluem. Não se trata de derrotar a filosofia do mistério, nem de aprisioná-la no discurso bárbaro dos lógicos deterministas, mas sim compreender este estilo solto que engloba com paixão todos os aspectos da cultura.

A Polissemia da magia atua sobre as possibilidades de combinação. Nesse sistema, anjos, demônios, poderes, curiosidades, sortilégios, artes divinatórias, etc atuam como significantes flutuantes[16].Encontramo-los agenciados diferentemente segundo os autores e suas opções. Mas o surpreendente é a persistência dos mesmos exemplos, das mesmas mirabilia. Nós já o remarcamos: as provas na época são somente da ordem do possível. Durante anos, o sistema de Copérnico não pode impor-se porque não havia nenhuma prova decisiva em seu favor. Em revanche, ninguém se surpreende que Della Porta pudesse escrever em 1558 um livro intitulado: Da magia natural ou Dos milagres da natureza.[17] Esta plasticidade de conceitos exclui um racionalismo estrito em proveito de racionalizações atuantes sobre estes quase-objetos que são os significantes flutuantes.


[1] Nota do Tradutor: Ou Girolamo Cardano (Pavia, Itália, 24 de setembro de 1501 — Roma, 21 de setembro de 1576), foi um cientista e sábio, matemático, filósofo, médico.

[2] Giordano bruno, Cause, principe et unité, traduction E. Namaer, p. 264, Paris, Alcan, 1930, réimpression: Éd. D´Aujourd´hui, Paris, 1982.

[3] Nota do tradutor: Marsílio Ficino (em italiano Marsilio Ficino; Figline Valdarno, Florença, 19 de outubro de 1433 - Careggi, 1 de outubro de 1499), filósofo italiano, é o maior representante do Humanismo florentino.

[4] M. Ficin, Commentaire sur Le “Banquet” de Platon, traduction de R. Marcel, p. 221, Les Belles Lettres, 1956.

[5] Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim (Colônia, 14 de Setembro de 1486 — Grenoble, 18 de Fevereiro de 1535) foi um mago, escritor de ocultismo, astrólogo e alquimista.

[6] Giovanni Pico della Mirandola (Mirandola, 24 de fevereiro de 1463 – Florença, 17 de novembro de 1494), foi um erudito, filósofo neoplatônico e humanista do Renascimento italiano.

[7] Cornelius Agrippa, La Philosophie occulte ou De La Magie, I, 2, p. 3, Éd. Traditionnelles, Paris, 1962.

[8] Nota do T.: Um conjunto heteróclito de coisas (o poema Inventaire de Prévert enumera várias coisas).

[9] Nota do T: Sephiroth (cujo singular é Sephira) são as dez emanações de Ain Soph na cabala. Segundo a cabala, Ain Soph é um princípio que permanece não manifestado e é incompreensível à inteligência humana. Deste princípio emanam os Sephiroth em sucessão. Esta sucessão de emanações forma a árvore da vida.

[10] Ver a polêmica entre Plattard e L. Febvre. Cf. L Febvre, Le problème de l ´incroyance au XVIe sècle, la religigion de Rabelais, Paris, 1942. Nombreuses éditions depuis.

[11] M. Ficin, Thélogie platonicienne, XIII, II, traduction de R. Marcel; t. II, p. 209, Paris, Les Belles Lettres, 1964.

[12] Nota do tradutor: retour de force em francês significa o voltar com muita força, retornar com tudo.

[13] J.Bodin, De La démonomanie dês sorciers, 1ª édition, 1580, Gutenberg Réprint (sur l´édition de 1587), Paris, 1979, Livre I, chap 3, p. 22.

[14] Id., I., 1, p. 1.

[15] P. Pompanazzi, De immortalitate animae, chapitre XV, 1re édition, 1516.

[16] Nota da autora: Termo utilisado por Lévis-Strauss, e alguns psicanalistas.

[17] Della Porta, De La magie naturelle ou Des miracles de La nature, 1558. Reprint sur l´édition de Rouen de 1612. Edition La Maisnie, Paris, s.d.

Um comentário:

Jonas R. Sanches disse...

Olá Augusto, bom dia.
Gostaria de compartilhar essa postagem em meu blog A Cruz e a Rosa, http://www.acruzearosa.blogspot.com.br/, com os devidos créditos.

Aguardo sua resposta no email jonasabramelin@hotmail.com

Atensiosamente

Jonas R. Sanches