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Bem no fundo do sonho estão os sonhos. A cada Noite quero perder-me nas águas obscuras Que lavam o dia, mas sob essas puras Águas que nos concedem o penúltimo Nada Pulsa na hora cinza o obsceno portento. Pode ser um espelho com meu rosto distinto, Pode ser a crescente prisão de um labirinto Ou um jardim. O pesadelo sempre atento. Seu horror não é deste mundo. Causa inominada Alcança-me desde ontens de mito e de neblina; A imagem detestada perdura na retina A infama a vigília como a sombra infamada. Por que brota de mim, quando o corpo repousa E a alma fica só, esta insensata rosa?
Jorge Luis Borges
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