Membros definem nova data e procedimentos. A medida foi aprovada pelos demais associados em unanimidade.
02/08/2010
Por Leandro Rodrigues
Inicialmente marcada para a última sexta-feira (30), a eleição da nova diretoria da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) foi adiada. A decisão foi tomada pelos membros em reunião na sede da entidade. A Associação deve divulgar as definições da eleição ainda esta semana.
Segundo consta em livro de presença, 78 pessoas estiveram presentes na ocasião, entre associados, militantes, jornalistas da mídia segmentada, empresários e visitantes. Número recorde de participação em reunião administrativa da Associação, a exemplo da discussão para escolha do tema da 14ª Parada, que reuniu aproximadamente 15 pessoas.
O 8º Ciclo de Debates, atividade oficial do 14º Mês do Orgulho LGBT, recebeu uma média de 30 pessoas por dia. Dos presentes na assembleia da eleição, grande parte não participou dessa nem das outras ações do calendário promovido pela entidade, todas em prol dos direitos humanos e cidadania LGBT.
O repentino interesse deve-se a falta de definição de uma chapa
Um dos entusiastas dessa ilegalidade era o empresário Douglas Drumond, que pleiteava a possibilidade de se candidatar. O mesmo defende a mudança do formato da Parada, bloqueando o acesso à Avenida Paulista e condicionando a participação popular na manifestação através da venda de abadás. “Queremos formar uma chapa. [...] Nova parada novamente gay, linda, boites [sic], drags, gogos, Caca Dipoli [sic]”, disse em seu perfil no Facebook o dono da sauna 269, estabelecimento direcionado ao público gay masculino que discrimina mulheres, travestis e transexuais.
Integrante do Conselho de Sócio-Fundadores, Ideraldo Beltrame agradeceu a presença e o interesse dos não-associados, mas afirmou que “a derrubada do Estatuto é um ato anti-político, anti-ético e desrespeitoso à importância histórica da entidade”. O militante Julian Rodrigues e a ex-diretora Regina Facchini endossaram as colocações de Ideraldo.
Arquivos abertos
Acusado por Drumond de promover as eleições “às escondidas”, sem edital, o presidente da APOGLBT rebateu. “O edital da eleição está publicado em nosso site desde a semana passada, como manda o Estatuto. Os editais das outras eleições estão todos em nosso arquivo, que está aberto para quem quiser consultar”, explicou Xande. (clique aqui e confira a publicação do edital)
O empresário – que se apresentou na 14ª Parada fantasiado de “Rei-Sol", o monarca absolutista Luís XIV – dispara ainda que Associação não é democrática, mantendo a muito tempo um único grupo militante na diretoria. Quem lhe respondeu dessa vez foi Facchini, que apontou diversos membros presentes, outros ausentes, citou a militância de origem de cada um e salientou que “a Associação é formada por um grupo muito diverso de pessoas. Fazemos a Parada muito antes do apoio do governo e muito antes de ter uma sede, emprestávamos nossas casas para organizar a manifestação”.
Trabalho solitário
O último inscrito a tomar palavra foi o tesoureiro da APOGLBT, Manoel Zanini: “Bom vocês estarem aqui e constatarem o pequeno espaço em que é realizada a maior Parada do mundo. Tempos atrás, nem tínhamos como alugar uma sede. Hoje a associação tem dinheiro em caixa para pagamento de aluguel e contas para os próximos meses. Meus caros, estou aqui todos os dias e pouco vejo aquela porta se abrir. Este tem sido um trabalho solitário”, disse.
Após cerca de duas horas, o debate decidiu pelo adiamento da eleição em 30 dias, num primeiro momento, para que a atual diretoria e os sócio-fundadores possam se reunir e estabelecer como será a formação de chapas e os procedimentos de votação. Todos os associados serão anistiados de débitos com a entidade, exceto prestação de contas.
O encontro ocorre no início desta semana e a sentença para o prosseguimento será anunciada no site da organização e para a imprensa, através de sua assessoria de comunicação.
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