segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Beijaço Doce pela liberdade e pelo direito ao afeto público

Beijaço da diversidade contra a Homofobia da Confeitaria Ofner

Domingo, 18h, 12 de dezembro de 2010, na Ofner do Bairro Jardins Al. Campinas, 1160 esq com Rua Batataes, 429 São Paulo-SP.

Protesto contra a homofobia e pela livre demonstração de afeto

Era uma vez um país enorme, rico e com uma população criativa, diversa e alegre. Esse país há 500 anos foi governado por homens brancos, heterossexuais, cristãos e ricos. Estes homens achavam-se donos do país, e construíram uma sociedade violenta, heteronormativa, machista, racista, antidemocrática e excludente. Neste país as pessoas eram excluídas por motivos raciais. Mulheres eram espancadas impunemente por seus companheiros. Uma legião de padres e pastores cristãos achavam-se no direito de diariamente pregar o ódio e a discriminação em seus púlpitos televisivos. Gays, lésbicas e transexuais eram obrigados a viver escondidos em lugares escuros; e não podiam demonstrar seu afeto e amor em público. Neste grande país, a cada dois dias um homossexual era brutalmente assassinado. Neste país era considerado normal ver homens vivendo nas ruas e comendo diretamente do lixo, e estranhamente era considerado vergonhosa a demonstração de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo. Esse país era triste, violento e opressor. E assim, continuou esse país por quase 500 anos...

Mas um dia, as coisas começaram a mudar. Seus homens e mulheres disseram basta! Disseram "Não" a opressão, a exclusão e a discriminação! Nesse dia, essas mulheres e homens tornaram-se cidadãos. Esse país triste e injusto chama-se Brasil. Entretanto ele começou a mudar... Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República. Nesse dia, Estado e Religião foram definitivamente separados, e o país passou a ter como princípios máximos da liberdade e democracia o valor da LAICIDADE. Isso significava que os princípios filosóficos da religião não poderiam mais ditar as regras e condutas dos cidadãos, nem orientar e determinar as leis. Quase cem anos depois, em 1988 esse país conseguiu finalmente, depois de muita luta, uma Constituição, democrática e soberana. Esta Constituição, lei máxima do país, passou a ter como fundamentos: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.

Mesmo com essas grandes conquistas políticas no Brasil de hoje muitas pessoas ainda são discriminadas, excluídas por motivo de classe social, gênero, idade, “raça”, e orientação sexual. Mas com muita luta, aos poucos as coisas estão mudando. Enormes conquistas têm sido conquistas, como são por exemplo a “Lei Maria da Penha” e os estatutos do "Idoso" e da "Igualdade Racial".

Dentre os setores sociais discriminados, o segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) apesar de algumas conquistas paliativas, amarga anos de derrotas e pouco progresso na ampliação de seus direitos. O Brasil assiste indignado no último ano uma onda assustadora de homofobia e discriminação (xenofobia) nas ruas e no twitter, em parte fomentada por uma campanha presidencial pautada no ódio, na divisão entre os brasileiros e na discriminação religiosa. Esse discurso de ódio, na boca de políticos de direita, somado ao secular discurso de ódio da religião cristã com relação a qualquer tipo de sexualidade diferente da heteronormativa – parece ter sido uma senha para que grupos de homofóbicos, ou homofóbicos isolados sintam-se seguros para espancar gays em plena avenida Paulista, para que uma importante Universidade Brasileira (Mackenzie) sinta-se no direito pregar abertamente um discurso homofóbico, para que estudantes de farmácia da USP, a maior e mais respeitada do país, preguem em um jornal estudantil que gays sejam humilhados e até, para que na maior cidade do país uma confeitaria paulistana (Ofner) sinta-se no direito de constranger e humilhar um casal gay por causa de uma simples demonstração pública de afeto. Veja o link

Mesmo, com tantas demonstrações explícitas de homofobia, a sociedade civil brasileira disse um basta a homofobia! Várias manifestações contra esse tipo de discriminação aconteceram pelo país, centenas de cidadãos mostraram seu repúdio a estes atos covardes de ódio e discriminação. Em uma recente pesquisa feita pelo Senado Federal cosntatou-se que 70% da população brasileira é majoritariamente favorável a aprovação do projeto de lei complementar 122/06 que criminaliza a homofobia no Brasil.

A homofobia, física e também simbólica, é um ato contra a humanidade. Devemos considerar que o Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na Assembléia Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948, cujos artigos 1º e 2º estabelecem que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade e também que todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação...”

É por esse, e outros motivos que o cidadão brasileiro esclarecido não aceita mais atos de homofobia, e por isso mais uma manifestação acontecerá em frente da confeitaria Ofner do jardins (Al. Campinas, 1160 esq com Rua Batataes, 429) em São Paulo; um Beijaço, uma forma simpática e libertária de mostrar que todos, heterossexuais, gays, lésbicas etc têm pleno direito de demonstrações públicas de afeto. Não aceitamos mais que ninguém sinta-se no direito de constranger e privarmos da demonstração pública de nosso amor. Nãonada de vergonhoso em um abraço e em beijos entre um casal. O Brasil precisa abandonar paradigmas retrógrados e medievais, e aceitar que o afeto entre dois homens ou duas mulheres é tão digno e bonito quanto aquele entre heterossexuais. Compareça, seja você - gay, lésbica, heterossexual ou transexual - para dizer com abraços e beijos que o Brasil não aceita a discriminação e a exclusão de seus cidadãos LGBTs.

Compareça ao Beijaço Doce contra a homofobia!!!!

2 comentários:

Augusto Patrini Menna Barreto Gomes disse...

BEIJAÇO 2.0 - alguns membros do grupo criticaram a ausência de referência às agressões recentes no beijaço em frente à ofner

RECONHECENDO a insuficiência, o andré bocuzzi sugeriu e outros apoiaram q o beijaço COMECE na ofner e TERMINE na paulista - imagino q no nº 777, onde a 1ª agressão ocorreu

estou postando a sugestão à parte para que não se perca a ideia e todos que concordam, manifestem-se; se mtos apoiarem, altero o convite do evento e sugiro a todos q estão repassando a notícia que o façam tb

Augusto Patrini Menna Barreto Gomes disse...

prezadas e prezados:

há poucos dias, um casal de homossexuais se abraçou em uma doceria ofner, aqui em são paulo. o segurança do estabelecimento cutucou um deles e disse que ali "era lugar de família" e que eles não deveriam se comportar como "viados".

a agressão ensejou uma reclamação no site reclameaqui.com.br e teve destaque da coluna da monica bergamo, na folha de são paulo (ver links ao final da mensagem).

em apoio ao casal e pela aprovação da PLC 122/2006, o grupo formado a partir do ato anti-homofobia do dia 24.11.2010, em oposição ao pronunciamento desfavorável do chanceler da universidade mackenzie ao PLC 122/2006, decidiu convocar um BEIJAÇO na ofner (endereço acima), no próximo domingo, dia 12, às 18h.

é óbvio que, apesar de se tratar de um beijaço, os manifestantes não precisam beijar ninguém. cada um se manifesta como quiser: com abraço, aperto de mão ou vuvuzela.

está claro também que a aprovação da PLC 122/2006 interessa a qualquer ser humano que sente empatia por outro quando agredido injustamente, razão por que todos serão bem vindos - héteros e LGBTT.

noto que a denominação "beijaço" foi escolhida, dentre outros motivos, por (1) o movimento LGBT já ter se manifestado diversas vezes dessa forma, (2) o que agrega valor à manifestação; (3) apesar de se aceitar um beijo heterossexual em público, o beijo homossexual em público ainda ser mal visto por mtos.

o grupo pede que não se consuma nada - a ofner não deve lucrar às custas de sua própria vileza homofóbica.

espero que todos os que estiverem no próximo domingo em são paulo compareçam.

por favor, repassem esta mensagem!

abraços,

f.

nota da coluna da monica bergamo sb o caso:
http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2010/11/29/monica-bergamo-casal-de-homossexuais-processa-doceria-ofner-por-homofobia.jhtm

reclamação das vítimas no reclameaqui: http://www.reclameaqui.com.br/882630/ofner/homofobia-na-ofner/