quinta-feira, 9 de outubro de 2008




Não escute as vozes de tua paixão. A razão me diz seja o que é, entretanto eis a questão: saber quem sou e o que quero. O que não quero. Como se pode não escutar esta corrente elétrica e louca que me atravessa e me transfigura. Onde está minha e nossa liberdade? Onde está nossa verdade e nossa esperança?
Como criar destes fragmentos de real alguma porção de felicidade, bem estar e beatitude? Na verdade, sei, sabemos que não podemos muito mais do que fazemos, a vida deve ser levada pela razão, entretanto é necessário aceitar e perceber que temos tão pouco contra nossa parte obscura e irracional de nós.
As coisas te transfiguram as aparências por que se deixa ser o que és; um fluxo físico-químico louco e sonhador. Por isso, escuta-me, tudo vai ser melhor, não há outra opção. Se aceite o lado trágico da vida, aquilo que não podemos controlar, e façamos sempre o melhor que podemos. Por que assim, se o amor nos conduz, para quem queremos e amamos, melhor estamos. E para os outros, bebe, nosso ódio mais puro e violento. Nosso furor, implacável e sem pesar. Por que ódio se paga com ódio, amos com amor, indiferença com indiferença, olhares com olhares, forças com forças, segredos com segredos.
Escute-te, perceba-te, e não te cale. O que importa é o que tem dentro, de si, e de teu mundo. O resto é exterior, onde nunca seremos livres – quando mergulhados no mundo da necessidade e da aparência. Cala-te, pois, e pensa, deitado em tua cama, em meus olhos, em meu coração desdichado e nos que és. Valoriza hoje e agora. Esquece toda dor, e lembra-te, a vida é curta demais, não há nenhuma recompensa, para além de hoje e agora, e se tudo é vão, melhor, por que no fundo estamos livres, livres de toda moral inútil, de todo cristianismo vulgar e tolo, prontos para aceitar-nos entre nossos fluxos químicos e nossa tentativa de razão.

Nenhum comentário: