Por Augusto Darien Breytenbach Bazárov
Ou Augusto Patrini
É era uma estrela multifacetada. Múltiplas vagas de ressentimento e dor, e aquele cheiro de erva doce e sémem. Esquecia-se sempre e nem sabia do que, mas que eram vários, sempre, intensos intuídos. Neozine, alprazolam, diazepan, rivotril, dormonid, pondera, certralina, valium, bromazepam, frisium, frontal, fluoxetina, paroxetina, prometax, buspirona, e claro, um pouco de algo e agorismo, por que achava que a propriedade privada não era necessariamente melhor ou pior que a coletiva, só não queria e nem gostava do Estado e das multinacionais, escolhendo-lhe, o que comer, o que fazer, com quem dormir ou pior como e por que e como viver e gozar. Contudo sabia, no fundo, trata-se de um poder difuso e sem centro, que fazia de nossa liberdade uma vigília. Não queria mais ser o que todos os anjos sem consciência são: “insetos espermáticos” e patéticos.
Pois bem que para ele bastava um ramo de flores rubras e sua intensidade louca escorrendo como um líquido espesso gosmentos e oleoso por entre as quadras das noites - sem estrelas mas com algum excremento fútil. Do cheiro não mais se lembrava, o que ficava sempre era aquele cheiro de erva-doce, de mel e de púrpura dor, e vícios e insanidades temporárias. Esses “Eus” já não eram unos, eram multifacetados, sofridos e blefavam, árduos e fortes nessa negritude funda e imunda da vida insignificante, cotidiana e tola dos insetos espermáticos. Bobos, sorrindo-se sempre e contradizendo-se múltiplos em várias formas de comportamento e sonho. É que sabia bem, uma cobra criada e venenosa podia ser fofa, terna e meiga. E como dizem “do bem” – expressão imbecil. Risos mornos e tenros, para depois partir, ferir e destroçar aquela carne toda branca e tenra. Tudo tem um fim, todos temos esse direito, nem que ao menos seja prometido, vislumbrado ou sugerido. Um final, uma finalidade, por que no fundo sabemos de nosso grande e majestoso finito, nossas inevitáveis sepulturas frias e toscas. Branco. Branco. Bom, mal, suspiros.
Cala-te.
Ou Augusto Patrini
apatrini@terra.com.br
"Se tu nos espetas não sangramos? Se tu nos fazes cócegas não rimos? Se tu nos dás veneno não morremos? Se nos fazes mal, não devemos nos vingar?".
Shakespeare, O mercador de Veneza.
"Se tu nos espetas não sangramos? Se tu nos fazes cócegas não rimos? Se tu nos dás veneno não morremos? Se nos fazes mal, não devemos nos vingar?".
Shakespeare, O mercador de Veneza.
É era uma estrela multifacetada. Múltiplas vagas de ressentimento e dor, e aquele cheiro de erva doce e sémem. Esquecia-se sempre e nem sabia do que, mas que eram vários, sempre, intensos intuídos. Neozine, alprazolam, diazepan, rivotril, dormonid, pondera, certralina, valium, bromazepam, frisium, frontal, fluoxetina, paroxetina, prometax, buspirona, e claro, um pouco de algo e agorismo, por que achava que a propriedade privada não era necessariamente melhor ou pior que a coletiva, só não queria e nem gostava do Estado e das multinacionais, escolhendo-lhe, o que comer, o que fazer, com quem dormir ou pior como e por que e como viver e gozar. Contudo sabia, no fundo, trata-se de um poder difuso e sem centro, que fazia de nossa liberdade uma vigília. Não queria mais ser o que todos os anjos sem consciência são: “insetos espermáticos” e patéticos.
Pois bem que para ele bastava um ramo de flores rubras e sua intensidade louca escorrendo como um líquido espesso gosmentos e oleoso por entre as quadras das noites - sem estrelas mas com algum excremento fútil. Do cheiro não mais se lembrava, o que ficava sempre era aquele cheiro de erva-doce, de mel e de púrpura dor, e vícios e insanidades temporárias. Esses “Eus” já não eram unos, eram multifacetados, sofridos e blefavam, árduos e fortes nessa negritude funda e imunda da vida insignificante, cotidiana e tola dos insetos espermáticos. Bobos, sorrindo-se sempre e contradizendo-se múltiplos em várias formas de comportamento e sonho. É que sabia bem, uma cobra criada e venenosa podia ser fofa, terna e meiga. E como dizem “do bem” – expressão imbecil. Risos mornos e tenros, para depois partir, ferir e destroçar aquela carne toda branca e tenra. Tudo tem um fim, todos temos esse direito, nem que ao menos seja prometido, vislumbrado ou sugerido. Um final, uma finalidade, por que no fundo sabemos de nosso grande e majestoso finito, nossas inevitáveis sepulturas frias e toscas. Branco. Branco. Bom, mal, suspiros.
Cala-te.
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