Notas sobre uma cidade em decadência ou
Ano Novo no Rio de Janeiro: esgoto e decepção.
Por Teodoro Breytenbach
Ano Novo no Rio de Janeiro: esgoto e decepção.
Por Teodoro Breytenbach
Não há nada mais triste do que uma desilusão, do que uma decepção, elas são os amargos antepastos da morte, da dor e da destruição. É essa melancolia e tristeza que se sente quando se visita a cidade do Rio de Janeiro.
Suas ruas são sujas e decadentes, suas praias cheiram a esgoto e são pontilhadas por garrafas plásticas e outros tipos de detritos. Os edifícios e casas históricos estão mal cuidados ou pior em péssimo estado. A cidade torna-se, de perto, tão feia quanto a maioria das megalópoles mundiais – uma feiúra urbana, excludente[1] e tropical. Nada tão triste, em uma cidade que já foi considerada a Paris Tropical. Hoje na verdade, se pode afirmar que o Rio somente continua lindo visto do alto, de helicópteros, coisa que poucos podem pagar.
Além disso a cidade é perigosa, você pode ser extorquido por um engraxate cujo os serviços custam vinte reais. O Visitante não encontra uma infra-estrutura adequada e eficiente, e a desinformação é a regra. Os preços dos pontos turísticos mais comuns (Cristo, Pão de Açucar etc) são simplesmente extorsivos.
Mas o que mais pode indignar é o estado de um dos três museus históricos mais importantes do país (Museu Histórico Nacional, Museu da República (Catete) e Museu Nacional no antigo Palácio Imperial). Refiro-me principalmente ao Museu Nacional e sua coleção, despojos do período Imperial - de objetos do Egito antigo é a maior da América-Latina e uma das mais importantes do mundo meridional, além da antiga coleção de objetos e documentos gregos e romanos que um dia foram da Imperatriz Maria Cristina. O valor destas coleções é simplesmente inestimável para o país, para o mundo e para a história, e o que choca: não há segurança, não há controle da temperatura, as pessoas utilizam fleches, e as exposições estão montadas de forma caótica sem que o público possa estabelecer nexos, que hipoteticamente poderiam estimular a consciência crítica e a reflexão[2]. O que se vê é um amontoado desconexo e desleixado: uma vergonha! Os Museus do Rio de Janeiro são as "atrações" turísticas que restam à capital, mesmo assim são quase ignorados, tanto pelos visitantes como pelo poder público!
Uma tristeza! Que vergonha! Ver peças históricas de mais de 6 mil anos amontoadas e por incopetência de políticos brasileiros. Se falta copetência ou dinheiro para a concervação deste material que ele seja transferido para um Museu (Louvre, Museu do Cairo, Museu Paulista) que não o deixará apodrecer.
Além disso tudo o Ano Novo na praia de Copacabana é um espetáculo patético, onde se vê de sobra solitários bêbados, turistas decrépitos com prostitutas infantis e as velhas e falsas alegrias e cortesias forçadas.
Ah, mais uma dica, não tente visitar a maior floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, você pode ser assaltado, seqüestrado, ou até assassinado. E se tudo isso não acontecer você pode ainda ter o azar de encontrar algum corpo “desovado” por lá.
Triste Rio de Janeiro !
PS: Você nadaria nestas águas? Elas vão diretamente para o mar (deve ser por isso que Copacabana e Ipanema cheiram esgoto) !
[1] Não é preciso falar muito sobre o apartheid social que vive o Rio de Janeiro (ele já está em todos os jornais do país e do mundo); mas pode-se lembrar do quão ineficiente e sobretudo caríssimo é seu sistema público de transporte.
[2] A mesma crítica cabe ao Museu da República, que mesmo cuidando bem de seu acervo, em uma tentativa de recriar os ambientes do Palácio do Catete não estimula em nada a reflexão e passa a ser apenas um cenário bizarro, antiquarista, mórbido, pseudo-ufanista. O único museu histórico do Rio de Janeiro cuja exposição está realmente bem montada, cuidada e com uma clara e crítica orientação museológica é o Museu Histórico Nacional.
[1] Não é preciso falar muito sobre o apartheid social que vive o Rio de Janeiro (ele já está em todos os jornais do país e do mundo); mas pode-se lembrar do quão ineficiente e sobretudo caríssimo é seu sistema público de transporte.
[2] A mesma crítica cabe ao Museu da República, que mesmo cuidando bem de seu acervo, em uma tentativa de recriar os ambientes do Palácio do Catete não estimula em nada a reflexão e passa a ser apenas um cenário bizarro, antiquarista, mórbido, pseudo-ufanista. O único museu histórico do Rio de Janeiro cuja exposição está realmente bem montada, cuidada e com uma clara e crítica orientação museológica é o Museu Histórico Nacional.
2 comentários:
Olá Diante de protestos por esta mensagem sou obrigado a explicar sua publicação.
Não sou o autor destas linhas. Li em: http://sturmydrang.blogspot.com/, mesmo achando a mensagem bastante ácida, publiquei-a por concordar com a critica feita ao Museu Nacional.
Há pouco mais de dois meses estive nesse museu e fiquei chocado com as condições das referidas coleções. Simplesmente um absurdo imenso que peças daquela natureza estejam jogadas e sujeitas ao tempo.
Não sou bairrista, nem paulista sou, nem nacionalista. Só acho que uma coleção maravilhosa como aquela deveria ser melhor concervada. Da forma como ela está ela não durará nem 50 anos.
Agora cabe notar que o autor falou muito bem do tratamento museológico dado ao acervo do Museu Histórico Nacional
abraços
Augusto
PS: A verdade as vezes fere mesmo, e é de mal tom. Infelizmente.
PS2: O problema da poluição diz respeito tanto a São Paulo (SP simplismente fede de tanta poluição no ar) como ao Rio de Janeiro - esta poluição também está diretamente relacionada com a concervação do acervo público, sobretudo arquitetônico!
Definitivamente não é um lugar que eu escolheria para passar uma passagem de ano.
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