quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

L´univer crie










“L´univer crie. Le Béton marque
la violance avec laquele il a été frappé
comme mur. Lê béton crie.Que dison-nous de l´homme?”




O ser humano é uma coisa terrível. Não há amizade, não há amor – não há bondade, somente há interesse e orgulho.
A vida é uma viagem de sofrimento e luta, dor e desilusão. Aceitar isso é libertar-se. Somos todos pouco a pouco uns derrotados; pois que destinados somos a gloria da putrefação e da cova. Mas se você percebe isso, é por que ainda está vivo-vivo, e não como muitos, um vivo-morto. Buenos Aires, 18 janeiro de 2008.
A única forma de suportar esta terra; de exploração, dor e sofrimento, é apoiando-se jocosamente no álcool e nos tranqüilizantes – os psiquiatras podem sempre dar-nos férias do mundo. Mas não adianta encerrar-se em um apartamento. Pois que aceitamos de peito aberto a dor e o sofrimento, e temos coragem de gritar e nos sublevar – atraindo para nós um misto de piedade, medo, inveja e raiva – é por que estamos prontos para ser livres. Mas justamente, o pouco pensamento interessante possível, é justamente aquele que surge, entre o pensamento e a ação. Mas apóie-se, por que sem isso, neste espaço entre o pensar e fazer, o que há de libertador e interessante levar-nos-ia ao suicídio abrupto, e não ao suicídio “construtivo” e lento que é o viver. Entretanto, é preciso lembrar, que alguns de nós não nascem para viver, mas para estar acima da vida –são aqueles flâneus sem opção pois é isso ou a morte – mesmo que: “le poete est le parasite sacre”.
Utilitaristas não sabem, porém, que poeta morto não deixa traço algum, e que uma saída à la Pessoa Não é mais possível. O flâneur tem que gritar, sem nenhuma outra opção. Já que o suicídio – real ou em vida não resolve nada: o mundo precisa urgentemente de gritos, de espanto! Os homens precisam enxergar que “Osíris é um deus negro”, e que viver e suicidar-se lentamente – e que tudo aquilo que querem esconder, de doentio, perdido, repugnante e assustador existe. E, espanto, está dentro de todos. Por isso não se matem, pois esta terra já está superpovoada de mortos autômatos utilitaristas. São Paulo, 5 de fevereiro de 2008



“ Le métier des lettres est tout de même le
seul ou on puísse sans ridicule
ne pas gagner d´argent.”
Jules Renard

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