SAGASTIZABAL Leandro de. La Edicion de Libros em la Argentin: uma empresa de cultura. Buenos Aires: Eudebo, 1995.
O livro trata da publicação e edição de livros na Argentina, do final do século XIX ao começo do Século XX. Considera que a atividade de livreiro, atividade bastante complexa que envolve várias atividades entre produção e distribuição, foi fundamental no advento da atividade editorial no país. Entre os pioneiros na atividade, destacavam-se os espanhóis, exilados políticos – como, por exemplo, Benito Hortelano que como muitos do ramo, já possuía experiência nesta atividade. De acordo com o autor, estes livreiros foram os iniciadores das atividades ligadas à difusão do livro e da cultura letrada na Argentina.
Ainda sob o governo de Rosas, a produção editorial e intelectual era bastante fraca e limitada aos livros clássicos: teologia, história, geografia, ciências, folhas soltas de poesias e coleções. A leitura ainda era uma atividade ligada à elite, que praticavam-na em ambientes como os Salões literários. Com a queda do governo Rosas a liberdade de pensamento e imprensa facilitaram a criação de um ambiente fértil no meio intelectual. Nesta época a atividade intelectual é marcada por um certo voluntarismo e “oportunismo político”
Em 1880, a integração da Argentina ao mercado mundial, sua modernização e a necessidade em se forjar uma união nacional causou uma mudança nos domínios da educação e da cultura – por exemplo escolaridade obrigatória, expansão do jornalismo, campanhas de alfabetização. Fatores estes que transformaram o país, e que deixariam conseqüencias posteriores. Há neste ano uma multiplicação de periódicos e percebe-se que “el mercado de lectores se estaba ampliando e iba contruyendo su cultura letrada. La lectura y el proceso educativo formal permitiam adquirir destrezas básicas.” (p.38). Nesta época são sucessos muitos livros traduzidos como aquele de Samuel Smiles.
Mesmo assim, o autor reconhece que nesta época ainda não existia uma atividade especifica do editor. Esta função era exercida, como no Brasil, por livreiros.
“La actividad editorial de época la impulsaban, por um lado, hombres que reunían las funciones del librero, el impresor y el editor, como Carlos Casavalle, quien publicó, por exemplo, las obras completas de Esteban Echeverría, em cinco tomos, entre 1870 e 1874.” (p. 43)
Houve, no entanto, uma transformação gradual da figura do livreiro para a figura do editor. No final do século XIX não havia um circuito específico de comercialização de livros: vendiam-se livros em lojas, sapatarias ou por meio de ambulantes. Porém, aos poucos, alguns homens começaram a trabalhar especificamente com livros (Valério Abeledo), vinculando-se, às vezes, a mercados específicos: “el librero vinculado com determinado âmbito específico (uma faculdad – ls más de las veces -, uma asociación de profesionales, etcétera) que luego se hace editor para esse mercado.” (p. 46)
A grande transformação na difusão da cultura letrada na Argentina parece ter sido com o começo da publicação de livros pelos jornais: “desde fines de 1870 es frecuente que los diários publiquen obras de autores locales y extranjeros, em lo que constituye outra modalidad – la tercera – de edición de libros em la época que estamos analizando.” (p. 47). Em 1901, o jornal La Nación publica de modo pioneiro uma coleção de livros: a “Biblioteca de La Nación” – coleção que ajudou a popularizar a leitura e fez desta um verdadeiro fenômeno cultural: “La prensa periódica, la educación, las campanas de alfabetización habían contribuído a ampliar el campo de lectores, pero la inclusión del libro como propuesta implicaba um processo más complejo y profundo. Leer libros era atractivo y posible em la medida en que comparían códigos y símbolos de uma cultura letrada.” (p.50). Neste caso a atividade de editor não consistia somente na tradução de textos europeus, mas uma homogeneização de uma proposta heterogênea “que criou um estilo de apresentação modelador de gostos estéticos e hábitos de consumo.” (literatura européia, francesa principalmente e alguns escritores nacionais). Em vinte anos de existência essa coleção editou mais de um milhão de exemplares.
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